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Obesidade

Artigo revisado pela Dra. Dominique Durrer, médica generalista, especialista em obesidade e nutrição, Presidente da Eurobesitas, Vevey – Suíça. Mais informações no final deste artigo.

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Breve resumo
A obesidade é geralmente definida como um excesso de massa corporal. Um IMC (BMI em inglês) de 30 ou mais é a referência usual para obesidade em adultos. Um IMC de 40 ou mais é considerado obesidade severa. Já a obesidade infantil é medida usando curvas de crescimento e não o IMC. A obesidade é o principal fator de risco para pelo menos 25 doenças, como alguns cânceres, como câncer de mama ou diabetes.
Uma alimentação mais saudável, aumento da atividade física e mudanças comportamentais podem ajudar na perda de peso. Os medicamentos sob prescrição e os procedimentos de perda de peso são opções adicionais para tratar a obesidade.

Definições e sintomas

A obesidade é uma doença crônica complexa com múltiplas causas, resultando em excesso de gordura corporal e, por vezes, um mau estado de saúde. A gordura corporal em si não é uma doença. Mas quando o corpo tem excesso de gordura, seu funcionamento pode ser alterado. Essas mudanças são progressivas, podem piorar com o tempo e ter efeitos prejudiciais à saúde. A obesidade não é apenas um problema estético. É um problema médico que aumenta o risco de outras doenças e problemas de saúde, como doenças cardíacas, diabetes, hipertensão arterial e alguns cânceres.

Definição de obesidade pela OMS
De acordo com a definição atual da Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma “acumulação anormal ou excessiva de massa gorda no tecido adiposo em proporções que afetam a saúde”. Portanto, fica claro que o excesso de massa gorda e sua relação com a saúde são centrais. No entanto, para definir a obesidade, a classificação mais utilizada, principalmente na clínica médica, é o índice de massa corporal (IMC), definido pela relação entre peso em quilos e altura ao quadrado em metros.
IMC
Um IMC de 30 ou mais é a referência usual para obesidade em adultos, conforme definido pela OMS1.

Um IMC entre 25,0 e 29,9 caracteriza sobrepeso (em inglês: overweight).
Um IMC de 40 ou mais é considerado obesidade severa.
A obesidade infantil, por outro lado, é medida utilizando curvas de crescimento e não o IMC.

Os três tipos de obesidade
Existem três categorias gerais de obesidade que médicos ou prestadores de cuidados de saúde utilizam para avaliar os tratamentos mais adequados para cada pessoa. São as seguintes classes:

Obesidade classe I: IMC de 30 a <35 (kg/m²)
Obesidade classe II: IMC de 35 a <40 (kg/m²)
Obesidade classe III: IMC de 40 ou mais (kg/m²). Observação: “obesidade mórbida” é um termo ultrapassado para se referir à obesidade classe III.

Limitações do IMC:
– Para a maioria das pessoas, o IMC fornece uma estimativa razoável de gordura corporal. No entanto, o IMC não mede diretamente a gordura corporal, então algumas pessoas, como atletas com uma massa muscular importante, podem ter um IMC na categoria de obesidade, mesmo que não tenham excesso de gordura corporal.
– O IMC é um excelente índice em estudos epidemiológicos, mas não é muito preciso no nível individual. De fato, ele não fornece indicações muito precisas sobre a composição corporal e, portanto, não permite diferenciar a massa gorda da massa magra. Para isso, seria necessário utilizar um dispositivo de bioimpedância/metro que mede a composição corporal e fornece a quantidade de massa gorda e massa magra. No entanto, quando se deseja um dispositivo o mais preciso possível, este é muito caro e, portanto, não é utilizado na prática geral.

Distribuição do tecido adiposo
A distribuição do tecido adiposo é muito importante para definir o risco relacionado à obesidade. De fato, o acúmulo de gordura na região abdominal ou visceral está correlacionado com um alto risco de complicações cardiovasculares e diabetes tipo 2, entre outros.

Por outro lado, o acúmulo de gordura nos tecidos subcutâneos localizados precisamente na região das nádegas, quadris e coxas, é bastante protetora e não representa um risco para a saúde.

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Circunferência da cintura
Muitos médicos também medem a circunferência da cintura de uma pessoa para orientar as decisões terapêuticas. Os problemas de saúde relacionados ao peso são mais comuns em homens com circunferência da cintura superior a 102 cm e em mulheres com circunferência da cintura superior a 88 cm.

Obesidade: doença complexa
A obesidade é uma doença crônica progressiva multifatorial e complexa. Já em 1997, a OMS declarou que a obesidade era uma doença. Em 2022, a mesma declaração foi feita pela Comissão Europeia. Na Europa, em Portugal, na Itália e em Malta fizeram as mesmas declarações. No entanto, ainda há muitos países na Europa que não a declararam, pois os seguros de saúde ou os sistemas de segurança social são cautelosos, temendo um aumento nos custos, embora tratando a obesidade esses custos diminuam substancialmente.

Epidemiologia

Epidemia:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade como uma epidemia 2.

Obesidade no mundo:
De acordo com a OMS 3, em 2016 (últimos dados disponíveis), mais de 650 milhões de pessoas estavam obesas no mundo.

Taxa de obesidade nos Estados Unidos:
A obesidade em adultos estadunidenses foi estudada pela última vez em 2017 e 2018. A prevalência da obesidade era de 42,5%, contra 30,5% em 1999 e 2000 4.

Óbitos causados pela obesidade:
No mundo, as doenças relacionadas à obesidade são responsáveis por mais de 4,7 milhões de mortes por ano 5.

Causas e fatores de risco:

A obesidade não é apenas o resultado de um desequilíbrio entre as calorias consumidas e gastas. De fato, muitos fatores contribuem, alguns são individuais, enquanto outros estão integrados à estrutura de nossa sociedade, seja em nível nacional, local ou familiar. Por exemplo, nos Estados Unidos e em muitos países industrializados, a alimentação da maioria das pessoas é muito rica em calorias, muitas vezes provenientes de fast food e de bebidas altamente calóricas como refrigerantes. A prevenção da obesidade exige trabalhar conscientemente contra esses múltiplos fatores.

Os fatores que podem aumentar o consumo de calorias incluem:

– Os alimentos rápidos e prontos para o consumo. Em comunidades e em famílias onde alimentos altamente processados e prontos para o consumo são básicos, é fácil consumir muitas calorias. Esses alimentos são ricos em açúcar e gordura, além de serem pobres em fibras e outros nutrientes, o que pode aumentar a fome. Seus ingredientes favorecem comportamentos alimentares viciantes. Em algumas comunidades, estes podem ser os únicos tipos de alimentos prontamente disponíveis, por razões de custo e acesso. Os Centers for Disease Control, nos Estados Unidos, estimam que 40% das famílias estadunidenses vivem a mais de um quilômetro de um varejista de alimentos saudáveis.
– O açúcar em toda parte. A indústria alimentar geralmente não é projetada para preservar nossa saúde. É projetada para vender produtos dos quais nos tornaremos dependentes e que, portanto, iremos querer comprar em maior quantidade. Os doces e as bebidas açucaradas ocupam uma posição proeminente nessa lista de produtos, pois não têm valor nutricional e contêm muitas calorias. Mas mesmo os alimentos comuns são fortemente misturados com açúcar para torná-los mais atraentes e criar dependência. Essa prática é tão comum que mudou nossas expectativas de paladar.
– O marketing e publicidade. A publicidade onipresente destaca os méritos de alimentos processados, dos doces e das bebidas açucaradas, de produtos dos quais precisamos menos, mas que a indústria precisa que compremos mais. A publicidade retrata esses produtos como elementos normais e necessários da vida cotidiana. A publicidade também desempenha um papel importante na venda de álcool, que acrescenta muitas calorias vazias.
– Os fatores psicológicos. O tédio, a solidão, a ansiedade e a depressão são comuns na sociedade moderna e todos podem levar à alimentação excessiva. Em particular, podem levar à ingestão de certos tipos de alimentos que ativam os centros de prazer do nosso cérebro, alimentos que tendem a ser mais calóricos. Comer para se sentir melhor é um instinto humano primário. Evoluímos para encontrar comida, e a evolução não alcançou a abundância de alimentos que as sociedades ocidentais desfrutam hoje.
– Os hormônios. Os hormônios regulam nossos sinais de fome e saciedade. Muitos fatores podem perturbar estes processos reguladores, incluindo fatores comuns como o estresse e a falta de sono, além de fatores menos comuns como variações genéticas. Os hormônios podem fazer com que você queira comer mais, mesmo que não precise de calorias extras. Os hormônios podem dificultar saber quando você já comeu o suficiente.
– Certos medicamentos. Os medicamentos que você toma para tratar outras doenças podem contribuir para o ganho de peso. Isso inclui antidepressivos, esteroides, medicamentos para convulsões (crises epilépticas), medicamentos para diabetes e betabloqueadores.

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Os fatores que podem reduzir o número de calorias queimadas são os seguintes (neste caso o problema é que precisamos de menos calorias por dia e por isso devemos reduzir também o consumo de alimentos e bebidas com alto teor calórico):
– A cultura de tela (smartphone, TV, tablet). À medida que o trabalho, as compras e a vida social se tornam on-line, passamos cada vez mais tempo em frente aos nossos telefones e computadores. O streaming de mídia e a observação compulsiva tornam possíveis longas horas de entretenimento sedentário.
– A evolução da força de trabalho. Com a automatização e a informatização que caracterizam a mudança industrial, hoje em dia cada vez mais pessoas trabalham hoje em um escritório sentadas em vez de ficar em pé. As horas de trabalho também são mais longas.
– O cansaço. O estilo de vida sedentário tem um efeito bola de neve. Estudos mostram que quanto mais tempo você fica sentado, mais você se deixa levar e menos motivado você fica. Sentar enrijece o corpo e contribui para o aparecimento de dores que desencorajam os movimentos. É também fonte de estresse geral, o que aumenta a fadiga.
– O desenvolvimento do bairro. Muitas pessoas não dispõem de espaços locais para serem ativas, seja por questões de acesso ou de segurança. Por exemplo, mais da metade dos estadunidenses moram a mais de um quilômetro de um parque. Eles não vivem necessariamente em bairros onde se pode caminhar e não vêm necessariamente outros membros de sua comunidade ativos diariamente. Quando não há opção de transporte público, a maioria das pessoas só consegue se locomover de carro.
– As tendências de cuidados infantis. As crianças passam menos tempo brincando ao ar livre do que antes. Passam mais tempo em estruturas fechadas, que nem sempre dispõem de espaço ou instalações necessárias para a prática de atividades físicas. Esta situação é parcialmente explicada por tendências culturais que consideram inseguro que as crianças brinquem ao ar livre sem supervisão. Deve-se também ao acesso insuficiente aos espaços públicos e ao acesso insuficiente a serviços de “jardim da infância” de qualidade. Muitas creches substituem as brincadeiras gratuitas pela televisão.
– A incapacidade. Os adultos e as crianças com deficiências físicas e dificuldades de aprendizagem correm maior risco de obesidade. As limitações físicas, falta de educação especializada e recursos adequados podem contribuir. Outras causas ou fatores de risco para obesidade podem ser:
– A gravidez. O ganho de peso é comum durante a gravidez. Algumas mulheres têm dificuldade em perder esse peso após o nascimento do bebê. Esse ganho de peso pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade em mulheres que engravidam.
Parar de fumar. Parar de fumar (cigarros) está frequentemente associado ao ganho de peso. Para alguns, isso pode causar ganho de peso suficiente para ser qualificado como obesidade. Muitas vezes isso acontece quando as pessoas usam alimentos para lidar com a abstinência da nicotina. No entanto, a longo prazo, parar de fumar continua a ser mais benéfico para a saúde do que continuar a fumar.
– A falta de sono. Dormir pouco ou dormir demais pode levar a alterações hormonais que aumentam o apetite.
– O estresse. Muitos fatores externos que afetam o humor e o bem-estar podem contribuir para a obesidade, conforme discutido anteriormente neste artigo. As pessoas muitas vezes procuram alimentos com alto teor calórico quando enfrentam situações estressantes.
– O microbioma. As bactérias intestinais são afetadas pelo que comemos e podem contribuir para o ganho de peso ou para a dificuldade de perder peso.
– A genética (hereditariedade) e epigenética. Vários genes associados à obesidade foram identificados, mas a sua presença não é suficiente para explicar o desenvolvimento da doença6. Os fatores ambientais parecem desempenhar um papel muito mais importante do que os fatores hereditários.
A epigenética é uma disciplina que liga fatores ambientais a padrões de mudança genética, por exemplo, entre mudanças rápidas nos hábitos alimentares e o fenótipo observado de obesidade. A metilação do DNA (DNAm), um elemento-chave da epigenética, pode ser o mecanismo que liga a obesidade às manifestações clínicas.

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Complicações

Pessoas que sofrem de obesidade têm maior probabilidade de desenvolver uma série de problemas de saúde potencialmente graves:
Doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC). A obesidade aumenta a probabilidade do desenvolvimento de hipertensão e de níveis anormais de colesterol, que são fatores de risco para doenças cardíacas e derrames (AVC)
Diabetes tipo 2. A obesidade pode afetar a forma como o corpo utiliza a insulina para controlar os níveis de açúcar no sangue. Isso aumenta o risco de resistência à insulina e de diabetes. O sobrepeso e a obesidade são responsáveis ​​por aproximadamente 80% dos casos de diabetes tipo 27.
– Certos tipos de câncer. A obesidade pode aumentar o risco de câncer de útero,  de colo do útero, de endométrio, de ovário, de mama, de cólon (câncer colorretal – leia mais abaixo), de reto, de esôfago, de fígado, de vesícula biliar, de pâncreas, de rim e da próstata.

Câncer de cólon (colorretal) – estudo de 2023
De acordo com estimativas de 2023, as pessoas com excesso de peso significativo (obesidade) têm o risco de desenvolver câncer de cólon (também chamado de câncer colorretal) um terço mais elevado do que as pessoas com peso normal8.

De acordo com um estudo publicado em abril de 2023 no JAMA (DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2023.9556), os participantes que eram obesos oito a dez anos antes do diagnóstico de câncer de cólon tinham duas vezes mais chances de desenvolver câncer de intestino do que aqueles com peso normal. . Os pesquisadores descobriram outra tendência: um número notável de participantes do estudo afetados pelo câncer de cólon tinha perdido peso involuntariamente antes do diagnóstico. A perda de peso de um quilo ou mais nos dois anos anteriores ao diagnóstico foi sete vezes e meio mais comum entre pessoas com câncer do que entre aquelas do grupo de controle. Segundo os pesquisadores, nesse período o câncer já está presente, mas ainda não se manifestou com sintomas.
Problemas renais e gota. A obesidade aumenta o risco de sofrer de insuficiência renal e de gota.
– Problemas digestivos. A obesidade aumenta a probabilidade de desenvolver queimação do estômago, doenças da vesícula biliar e problemas hepáticos.
Apneia do sono. As pessoas obesas são mais propensas a ter apneia do sono, um distúrbio potencialmente grave que resulta em repetidas interrupções e inícios da respiração durante o sono.
Artrose. A obesidade aumenta a pressão nas articulações que suportam peso e promove inflamação no corpo. Esses fatores podem levar a complicações como a artrose.
– Sintomas graves de Covid-19. A obesidade aumenta o risco de desenvolver sintomas graves de Covid-19. Pessoas com casos graves de Covid-19 podem necessitar de tratamento em unidades de terapia intensiva ou mesmo de assistência mecânica para respirar.

Complicações psicológicas – Estigmatização
– A estigmatização da obesidade é muito prejudicial para os pacientes expostos a ela. O estigma do peso refere-se a atitudes e crenças negativas sobre o peso que são expressas na forma de estereótipos, preconceitos e tratamento injusto de pessoas com sobrepeso ou obesas. A estigmatização da obesidade está em todo o lado, na população em geral, nos meios de comunicação social e nas redes sociais, na escola, entre familiares, amigos ou entre profissionais de saúde. O estigma vem do fato de que, no inconsciente coletivo, a pessoa que sofre de obesidade é responsável pela sua condição. Ela come demais ou não se exercita o suficiente. No entanto, esta simplificação não é correta. Como vimos, existem mais de uma centena de variáveis ​​que influenciam o ganho de peso, fatores genéticos, biológicos, fisiológicos, hormonais, entre outros.
– Confrontar repetidamente palavras ou acontecimentos estigmatizantes pode levar ao aparecimento de estigma internalizado. Na verdade, um rótulo de “desviante” é primeiro atribuído a um indivíduo por outras pessoas durante as interações sociais. A pessoa então se vê reduzida ao seu rótulo (o estigma) e suas outras qualidades, sua história, sua personalidade são apagadas por trás da característica estigmatizante (é um “gordo”, um “deficiente”, etc.). Este rótulo é utilizado de uma forma preconceituosa para “justificar” uma série de discriminações sociais (efeito objetivo). A pessoa estigmatizada acaba internalizando a desvalorização (efeito subjetivo). A armadilha fecha-se sobre a pessoa quando a pessoa estigmatizada acha normal ser considerada desta forma, quando considera legítimo o tratamento discriminatório que sofre. Ele passa de vítima a culpado: “ele é responsável pela sua situação”.
– O estigma internalizado tem consequências dramáticas para o paciente. Colapso na autoestima, na autoimagem, na autoafirmação, na qualidade de vida e pode levar a um isolamento social. Mas também depressão, pensamentos suicidas ou mesmo suicídio. Quando um médico está na origem desta estigmatização, a pessoa pode não continuar o acompanhamento médico e sua condição de saúde pode piorar a ponte de precisar um atendimento de urgência, levando a um risco maior à sua saúde. Além disso, há aumento dos distúrbios alimentares e diminuição da atividade física, o que levará ao aumento do grau de obesidade e ao agravamento das complicações cardiometabólicas.
– Finalmente, este estigma internalizado deve ser abordado. Estudos comprovaram que pode causar falhas na gestão e tratamento da obesidade.

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Tratamentos

Uma investigação de saúde abrangente determinará o plano de tratamento individual de cada paciente. A equipe de cuidados à saúde (ex. médico/a) tentará primeiro tratar os problemas de saúde mais urgentes antes de propor um plano de perda de peso a longo prazo. Às vezes, pode recomendar mudanças rápidas para obter um efeito imediato, como alterar medicamentos. O plano de tratamento global será mais progressivo e provavelmente envolverá muitos fatores. Estudos mostraram repetidamente que programas intensivos, baseados no trabalho em equipe e envolvendo comunicação frequente e pessoal entre a equipe médica e o/a paciente, são os mais eficazes para ajudar as pessoas a perderem peso e a mantê-lo.

O tratamento da obesidade pode incluir:

Mudanças na alimentação
As mudanças na alimentação para perda de peso são específicas para cada pessoa. Algumas pessoas podem se beneficiar da redução do tamanho das porções ou dos lanches entre as refeições. Para outras, trata-se mais de mudar o que comem do que as quantidades que consomem. Quase todos podem se beneficiar de uma alimentação baseada mais em vegetais. As frutas, os legumes, os grãos integrais e as leguminosas são geralmente menos gordurosas e mais ricas em fibras e micronutrientes. Elas são mais nutritivas e podem proporcionar uma sensação de saciedade e satisfação após consumir, e com menos calorias.

Mais atividade (exercício físico)
Todos já ouviram dizer que tanto a alimentação quanto o exercício são importantes para a perda e manutenção do peso. A simples caminhada a um ritmo moderado é um dos tipos de exercício mais eficazes para perder peso. Profissionais de saúde sugerem caminhar 30 minutos, cinco dias por semana. Uma caminhada diária na hora do almoço ou antes/depois do trabalho pode fazer uma diferença real.

Terapias comportamentais
Os conselhos, os grupos de apoio e os métodos como a terapia cognitivo-comportamental podem desempenhar um papel na perda de peso. Esses métodos podem ajudar a reconectar o cérebro para favorecer mudanças positivas. Eles também podem ajudar a lidar com o estresse e tratar os fatores emocionais e psicológicos que podem prejudicar seus esforços. O peso e os esforços de perda de peso nos afetam em muitos níveis, então pode ser útil contar com apoio tanto humano quanto prático.

Medicamentos (para o controle da obesidade):
A equipe médica (ex. médico/a, nutricionista, entre outros) pode recomendar medicamentos a serem usados em conjunto com outros tratamentos. Os medicamentos não são a única solução para perder peso, mas podem abordar o problema de outra maneira. Por exemplo, os supressores de apetite podem interceptar algumas das vias cerebrais que afetam a fome.
Algumas moléculas (medicamentos) frequentemente usadas para a perda de peso (em negrito as mais eficazes) incluem:
Orlistat (Xenical® e genéricos): Este medicamento reduz a absorção de gorduras no intestino.
Liraglutide (Saxenda®): Este medicamento, administrado por injeção, reduz o apetite e retarda a digestão.
Semaglutide (Wegovy® e Ozempic®): Este medicamento, administrado por injeção, reduz o apetite e retarda a digestão. O Wegovy® pode levar a uma perda de peso entre 15 e 18%9.

O Ozempic® é prescrito para diabetes com ou sem obesidade.

Outras moléculas (medicamentos) utilizadas nos Estados Unidos para tratar a obesidade incluem:
– Fentermina: Um medicamento que reduz o apetite. Sua utilização foi aprovada nos Estados Unidos em 2022, por três meses por período de tratamento.
– Benzfetamina: Este medicamento reduz o apetite.
– Dietilpropiona: Este medicamento reduz o apetite.
– Fendimetrazina: Este medicamento reduz o apetite.
– Bupropiona-naltrexona: Este medicamento pode reduzir os desejos e o consumo de alimentos.
– Celulose e ácido cítrico: Este medicamento proporciona uma sensação de saciedade.
– Lisdexanfetamina dimesilato: Este medicamento ajuda a gerenciar os sintomas da hiperfagia bulímica.
– Fentermina-topiramato: Este medicamento reduz o apetite.

Cirurgia da obesidade (bariátrica)
Com um IMC igual ou superior a 40, a cirurgia da obesidade ou bariátrica pode ser uma boa opção. A cirurgia é uma solução séria, mas muito eficaz, para perder peso significativamente e a longo prazo. Consiste em modificar a biologia em vez da mente ou dos hábitos. Todas as intervenções cirúrgicas bariátricas modificam o sistema digestivo de alguma forma. Elas limitam o número de calorias absorvidas e modificam os fatores hormonais do sistema digestivo que afetam o metabolismo e a fome.

Prevenção – Dicas

– Tente adotar uma alimentação adequada com poucas calorias. Limite os alimentos gordurosos e ricos em açúcar rápido (fast-food), assim como as bebidas açucaradas, também ricas em açúcar rápido, como os refrigerantes. Tente preferencialmente beber água.

– O álcool também é muito calórico. Cuidado para não o consumir com muita frequência, especialmente bebidas alcoólicas fortes e cerveja (relativamente calórica devido ao malte).

– Procure conhecer bem o teor calórico de cada alimento.

– Pratique regularmente atividade física. Profissionais de saúde sugerem caminhar 30 minutos, cinco dias por semana.

– Cultive o bem-estar geral. Reduza o tempo de tela, saia e faça passeios. Gerencie seu estresse e tente dormir o suficiente para controlar seus níveis hormonais. Concentre-se em mudanças positivas e atividades saudáveis, em vez de no impacto de seus esforços no seu peso.

Fontes & Referências: 
Fontes principais:
Cleveland Clinic, Mayo Clinic, Organização Mundial da Saúde (OMS), Le Larousse Médical (edição de 2012), Le Figaro.
Estudos científicos (leia também na parte inferior da página)
JAMA (DOI : 10.1001/jamanetworkopen.2023.9556)

Redação deste artigo:
Xavier Gruffat (Farmacêutico)

Revisão médica:
Artigo revisado pela Dra. Dominique Durrer, médica generalista da FMH (Fédération des médecins suisses, em francês), especializada em obesidade e nutrição, Presidente da Eurobesitas, Vevey – Suíça.

Pessoa responsável pelo conteúdo desta página:
Xavier Gruffat (Farmacêutico)

Última atualização da página: 
11.09.2023

Créditos fotográficos:
Adobe Stock, Pharmanetis Sàrl

Bibliografia e referências científicas:

  1. Artigo em francês da OMS, Obésité et surpoids, de 20 de agosto de 2020, acessado pelo Criasaude.com.br em 2 de abril de 2023
  2. VÁRIOS AUTORES, Le Larousse Médical, Paris, Larousse, 2012
  3. Artigo em francês da OMS, Obésité et surpoids, de 20 de agosto de 2020, acessado pelo Criasaude.com.br em 2 de abril de 2023
  4. Artigo da Cleveland Clinic (Health Library), Obesity, datado de 13 de junho de 2022, site acessado pelo Criasaude.com.br em 2 de abril de 2023, link funcionando nesta data
  5. O Estado de S.Paulo (Brasil), 26 de novembro de 2022
  6. VÁRIOS AUTORES, Le Larousse Médical, Paris, Larousse, 2012
  7. VÁRIOS AUTORES, Le Larousse Médical, Paris, Larousse, 2012
  8. Agência suíça de notícias  Keystone-ATS, com nosso parceiro Pharmapro.ch que é cliente da agência. De 4 de maio de 2023
  9. The Wall Street Journal, edição de 28 de março de 2023
Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.11.2023

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