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Poliomielite

Resumo sobre poliomielite

A poliomielite é uma doença viral infecciosa altamente contagiosa que se transmite através de alimentos e água contaminados, fezes ou contato direto com o doente. No Brasil e em muitos países a doença foi erradicada graças aos esforços de organizações de saúde para vacinação em massa da população. Entretanto, em algumas localidades como países africanos e asiáticos a poliomielite ainda é endêmica.

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O vírus causador da doença, conhecido como poliovirus, é um enterovirus com genoma de RNA. Depois de infectado, o período de incubação dura de 3 dias a pouco mais de 1 mês. O vírus então percorre um longo caminho que pode atingir órgãos como o cérebro, coração e fígado.

Os principais grupos de risco para a doença são de pessoas que não se vacinaram ou que viajam para localidades onde a doença é endêmica.

Na maioria dos casos, a doença é assintomática e se resolve sem grandes problemas. Em alguns casos, o paciente pode apresentar sintomas leves, conhecido como Doença Menor. Sintomas como meningite asséptica ou ainda paralisia são conhecida como Doença Maior.

O diagnóstico é feito pela história clinica do paciente e com base na observação dos sintomas. A confirmação pode ser feita por testes específicos, como o PCR. Outros exames incluem tentativa de isolar o virus por amostras de vezes, exame de punção do líquor, etc.

A paralisia é uma das maiores complicações da doença e pode levar a deformidades dos membros e juntas. Algumas complicações são decorrentes da chamada síndrome pós-poliomielite e incluem pneumonia, quedas e intensa fadiga. A doença não tem cura e a melhor forma de prevenir é através da vacinação. Tratamento de suporte pode ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente com poliomielite.

É importante que a pessoa com paralisia devido à poliomielite procure sempre apoio profissional, de amigos e familiares. Fisioterapeutas e psicólogos são fundamentais para o acompanhamento do paciente e sua adequação à sociedade. Fique sempre atento ao calendário de vacinas da sua cidade para não perder nenhuma dose.

Definição

A poliomielite, também conhecida como polio, é uma doença viral altamente contagiosa que infecta principalmente crianças e é responsável por paralisia infantil, dificuldades de respiração e, em alguns casos, morte. É uma doença aguda que se manifesta de diversas maneiras: cerca de 90-95% dos casos se manifestam como infecções inaparentes ou assintomaticas. Em 5%dos casos, a doença é abortiva. Devido ao principal sintoma causado, a paralisia, a poliomielite é comumente conhecida como “paralisia infantil”.

O vírus causador da poliomielite faz parte da família Piconarvirus, sendo um vírus de RNA.

Epidemiologia

O vírus da poliomielite está erradicado em muitos lugares do mundo, como Europa, América do Norte, América do Sul e Austrália. Esse feito foi conseguido graças aos esforços da Organização Mundial da Saúde em Parceria com o Rotary Internatinal através de campanhas massivas de vacinação com o objetivo de eliminar a doença até o ano de 2000. Antes desse período, a incidência era de 350.000 casos por ano, hoje, estima-se que surjam 1000-2000 casos de poliomielite no mundo. Entretanto, há países que ainda apresentam casos de poliomielite, como é o caso da Nigéria, Índia, Afeganistão e Paquistão.

No Brasil, até a década de 1980, os casos por ano eram altos, cerca de 2300. A partir dos anos 80, campanhas de vacinação nacional reduziram o número de casos, chegando a 45 em 1983. Isso foi acompanhado com queda na mortalidade e letalidade, que ficou em torno de 14%. Um surto e poliomielite ocorreu no Nordeste no ano de 1986 pelo sorotipo 3 do vírus, uma vez que a vacina não apresentava proteção suficiente. A última vez que o vírus selvagem foi isolado o país foi em 1989.

O poliovírus é altamente contagioso e infectante e se reproduz em 100% dos casos. Entretanto, somente 0,1 a 2,0% das pessoas contaminadas desenvolvem a forma mais grave da doença, com paralisia. A gravidade é muito maior quando o vírus contamina adolescentes e adultos.

O vírus da poliomielite é letal em 2-10% dos casos. Essa letalidade pode aumentar dependendo da forma da doença. A poliomielite bulbar (que atinge uma das partes do tronco cerebral) apresenta letalidade de 20 a 60%. Outro exemplo é a poliomielite espinhal, com letalidade variando entre 20-40%. Além disso, o estado imunológico do paciente influencia no desenvolvimento da doença. Em pacientes imunodeficientes, a letalidade pode chegar a 40%, sendo que esse tipo de paciente é muito mais suscetível desenvolver sequelas.

A Organização Mundial da Saúde identificou que na Nigéria, Paquistão e Afeganistão ainda há transmissão de poliomielite. Em 2011 a Índia foi bem sucedida ao parar a transmissão da doença. Veja abaixo o mapa dos países que ainda têm a doença. O país em amarelo (Níger) teve a doença reintroduzida recentemente.

Causas

A poliomielite é causada por um vírus da família Picornavirus, espécie Enterovirus poliovirus. O poliovirus é um vírus de genoma de RNA simples e, atualmente, conhece-se 3 sorotipos: tipo 1, tipo 2 e tipo 3, sendo que 85% dos casos de paralisia são causados pelo tipo 1. O sorotipo 3 é o segundo mais frequente. O sorotipo 2 é o que apresenta maior imunogenicidade, seguido dos sorotipos 1 e 3.

Transmissão

A transmissão do poliovirus pode ser através de água ou alimentos contaminados (via oral) ou através de contato direto com um doente. O poliovirus é um vírus com alta infectividade, ou seja, ele rapidamente contamina e infecta o corpo do hospedeiro e se multiplica em 100% dos casos. O doente pode transmitir o vírus através das fezes.

O período de incubação do vírus, isso é, o tempo entre a infecção e aparecimento dos sintomas, varia de 3 dias a pouco mais de 1 mês. O vírus inicialmente se instala nos linfonodos da faringe e depois atinge os enterócitos do intestino, local no qual se multiplica. A partir daí, o vírus pode ganhar a corrente sanguínea e alcançar outros órgãos, como cérebro, fígado e coração.

Grupos de risco

Os indivíduos com maior risco são aqueles que ainda não se vacinaram contra a poliomielite. Em áreas com saneamento básico precário e sem programa de vacinação ou campanhas de vacinação esporádicas, mulheres grávidas, crianças e pessoas com sistema imune comprometido (como idosos) são os mais vulneráveis.

Alguns fatores de risco contribuem para a doença, como:

– Viajar para áreas onde a poliomielite é comum ou que teve surto recente;

– Viver próximo ou cuidar de alguém com a doença;

– Manipular, em laboratório, espécies que tenham o poliovirus;

– Ter sistema imune deficiente, como em pacientes com HIV ou em tratamento com drogas imunossupressoras (como em pacientes com câncer);

– Não ter as tonsilas (amígdalas);

– Fatores que deprimem o sistema imune, como estresse, nervosismo, etc.

Atenção: em mulheres grávidas a doença pode ser abortiva. A poliomielite é particularmente grave quando infecta adolescentes e adultos.

Sintomas

Em grande parte dos paciente (cerca de 90%), a infecção pelo vírus da poliomielite não causa nenhum sintomas, sendo conhecida como doença assintomática. Nesses casos, o sistema imune do paciente é responsável pela eliminação do vírus e não há demais complicações. Entretanto, em alguns pacientes, a infecção se manifesta e pode ser do tipo não paralítica ou paralítica.

Uma das manifestações da poliomielite não paralítica é chamada de poliomielite abortiva ou doença menor. Acontece em 5% dos casos e é mais comum em crianças. Os sintomas são caracterizados por febre, leve dor de cabeça, dor de garganta, falta de apetite, vômitos e sensação geral de mal estar. Nesse caso, a doença não tem complicações mais sérias e dura de 1 a 10 dias.

Outra manifestação da doença é a poliomielite com meningite asséptica. Ocorre em 1-2% dos casos e o paciente desenvolve uma inflamação nas meninges. Pode também apresentar enrijecimento de músculos e do pescoço, dores e espasmos musculares e fadiga, além dos sintomas da Doença Menor.

A poliomielite paralítica ou doença maior acontece em 0,2-1% dos casos. Após os sintomas iniciais da doença desaparecerem, surge a paralisia devido a destruição de neurônios que são responsáveis pelo movimento. A manifestação da poliomielite paralítica depende do grupo de músculos atingidos, sendo que alguns sintomas gerais associados a paralisia incluem:

– Perda dos reflexos musculares;

– Dores musculares severas com espasmos;

– Flacidez muscular (paralisia flácida).

A paralisia flácida é assim chamada, pois os músculos não se apresentam rígidos e pode afetar um ou mais músculos do corpo. Se os músculos afetados forem os responsáveis pela respiração, a morte ocorre por asfixia. O doente ainda mantém a sensibilidade nos músculos e pode recuperar alguns movimentos, mas, normalmente, a paralisia é irreversível.

Após esse período, surge a chamada síndrome pós-poliomielite. Essa condição surge décadas (25 a 35 anos) após os doentes terem sido infectados pelo poliovirus. Os sintomas incluem:

– Fraqueza e dores musculares e nas juntas

– Fadiga e exaustão ao realizar atividades de mínimo esforço

– Atrofia muscular

– Problemas respiratórios e de deglutição

– Problemas respiratórios relacionados ao sono, como apnéia

– Diminuição da tolerância a temperaturas baixas

Diagnóstico

Muitas vezes o médico reconhece a poliomielite pela história clínica do paciente e pelos sintomas apresentados, como enrijecimento do pescoço e músculos, reflexos anormais, dificuldades de respirar e engolir.

Esse diagnóstico é confirmado com testes específicos que verificam qual o vírus está circulante no corpo do paciente. Esses exames incluem coleta das fezes ou do líquido cerebroespinhal e procedimentos para isolar e identificar o material genético, como PCR. Outros exames incluem a eletroneuromiografia e detecção de anticorpos IgM contra o poliovirus no sangue.

Complicações

A complicação maior da poliomielite é a paralisia que é, na maioria das vezes, irreversível. Essa paralisia pode levar a deformações das juntas, do quadril, tornozelos e dos pés. Algumas dessas deformidades podem ser corrigidas com cirurgias, mas nem todos os países onde a poliomielite é endêmica têm esse tipo de tratamento disponível. Essas complicações são particularmente mais graves e pronunciadas caso adolescentes e adultos contraiam a doença.

Isso tem um impacto muito grande na qualidade de vida do paciente, pois crianças com paralisia infantil (ou até mesmo um adolescente ou adulto) e deformidades no corpo terão de conviver com isso para o resto da vida, apresentando dificuldades de locomoção e até socialização.

Algumas complicações estão associadas à síndrome pós-poliomielite e são elas:

– Risco de quedas

– Desidratração

Pneumonia

– Desnutrição

– Insuficiência respiratória aguda

Osteoporose

Em mulheres grávidas, a doença pode provocar o aborto.

Tratamentos

Atualmente não existe cura para a poliomielite. Antigamente os pacientes com paralisia total, incluindo paralisia dos músculos respiratórios, eram mantidos vivos em um aparelho chamado “pulmão de ferro” que permitia uma respiração artificial. Tratamentos de suporte estão disponíveis e incluem:

– Antibióticos para infecções secundárias;

– Analgésicos para dor;

– Respiradores portáteis para ajudar na respiração;

– Dieta adequada;

– Exercícios físicos e fisioterapia para reabilitação dos movimentos, sobretudo na síndrome pós-poliomielite.

A única medida contra a doença é a vacinação. Atualmente dois tipos estão disponíveis: a Sabin e a Salk. A vacina Sabin consiste nos três sorotipos do vírus atenuados, ou seja, vivos mas com pouca virulência. A vacina Salk consiste nos três sorotipos inativados, ou seja, “mortos” por formalina.

A vacina Sabin apresenta a vantagem de ser administrada por via oral, alta eficácia e baixo custo, entretanto, 1 caso em 1.000.000 apresentam ativação do vírus e a paralisia é desenvolvida. A vacina Salk precisa ser aplicada 3 vezes na forma de injeção e apresenta custo mais elevado.

Algumas reações alérgicas podem estar associadas ao uso das vacinas. Alguns dos sintomas apresentados são:

– Febre

– Dificuldade para respirar

– Fraqueza

– Rouquidão e chiado no peito

– Coceiras

– Tontura e palidez

– Inchaço da garganta

Se você ou uma criança apresentar esses sintomas, procure imediatamente um médico.

A vacina Sabin é também conhecida como VOP ou vacina oral para poliomielite. A partir de 2012, a vacina passou a ser oferecida como terceira e quarta doses nas campanhas de vacinação. Para as primeira e segunda dose, o Ministério da Saúde passou a oferecer a VIP ou Vacina Inativada da Poliomielite (injetável). Antes de meados de 2012, a VIP era apenas oferecida em clínicas especializadas, devido ao seu alto custo.

Dicas

O vírus da poliomielite é extremamente contagioso. Se você tiver contato com uma pessoa doente, procure imediatamente um médico. É importante também que você se vacine antes de viajar para regiões onde a doença é endêmica e tenham saneamento básico precário.

No caso de pacientes com síndrome pós-poliomielite, algumas dicas são importantes, como:

– Limitar as atividades físicas para evitar a fadiga e cansaço

– Mantenha-se aquecido, por o frio pode piorar a fadiga muscular

– Evite lugares de difícil acesso e que exijam esforço

– Evite quedas

– Proteja os seus pulmões. Em muitos pacientes, a respiração está dificultada e isso pode aumentar o risco de infecções respiratórias, piorando o quadro respiratório do paciente. Fique atento a fatores que possam aumentar essas infecções. Também evite fumar e esteja em dia com suas vacinas de gripe e pneumonia

Para o paciente com paralisia devido à poliomielite, algumas atividades simples podem ser verdadeiros desafios. Se você é portador de paralisia, procure assistência especializada e conte sempre com amigos e parentes próximos. Se você conhece alguém com paralisia, procure integrá-lo à sociedade e dar-lhe todo o apoio necessário.

Prevenção

A melhor maneira de se prevenir contra a poliomielite é através da vacinação. Esteja em dia com suas vacinas contra a doença e procure sempre um médico no caso de contato com algum doente.

Verifique também se reforços são necessários antes de se viajar para uma região endêmica. Consulte o calendário de vacinas da sua cidade para saber quando começam as campanhas de vacinação. A Organização Mundial da Saúde alerta as pessoas que viajarão para países onde a doença é endêmica, como Nigéria, Níger, Afeganistão e Paquistão.

Veja nosso artigo sobre vacinação.

Observação da redação: este artigo foi modificado em 05.10.2017

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