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Fluvoxamina, contra Covid-19

A fluvoxamina (no Brasil: no Maleato de fluvoxamina Abbott e Luvox1) é um antidepressivo da classe do inibidor seletivo de recaptação de serotonina (SSRI). A fluvoxamina é uma droga geralmente bem tolerada2. Um estudo publicado em outubro de 2021 e realizado em hospitais brasileiros mostrou sua grande utilidade contra o Covid-19 com uma redução de casos e mortalidade (leia mais abaixo em Observações).

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Nomes:
Fluvoxamina, maleato de fluvoxamina (nome do sal vendido nos medicamentos), fluvoxaminum (nome latino), Fluvoxamini maleas PhEur (nome latino do sal).

Molécula:
C15H21F3N2O2

Metabolismo:
A meia-vida da fluvoxamina é de 15,6 horas. A eliminação é renal.

Indicações:
– Em caso de sintomas psicológicos, tais como falta de motivação, tristeza, diminuição da concentração e do desempenho cerebral, distúrbios do sono e estados depressivos.
– Para prevenir a recorrência de sintomas ou episódios depressivos em adultos.
– Para o tratamento de distúrbios obsessivo-compulsivos em adultos e crianças com 8 anos ou mais.
Fora do rótulo (off label): contra a Covid-19, um estudo (DOI: 10.1016/S2214-109X(21)00448-4) publicado em outubro de 2021 mostrou uma eficácia muito alta da fluvoxamina contra a Covid-19 (leia mais abaixo em Observações).

Efeitos colaterais:
Os efeitos colaterais mais comuns possíveis são indigestão, falta de apetite, fraqueza, mal-estar, inquietação, ansiedade, sonolência, insônia, tremores, sonolência, nervosismo, dor de cabeça, suor, batimento cardíaco palpável e pulso rápido 3. A fluvoxamina pode causar síndrome da serotonina quando combinada com agentes serotonérgicos.
Para uma lista completa dos efeitos colaterais, queira ler o folheto informativo (por exemplo, Luvox®).

Contra-indicações:
Hipersensibilidade, combinação com inibidores da MAO (por exemplo, moclobemida, selegilina), combinação com tizanidina, ramelteon ou agomelatina (substratos de CYP1A2).
Para uma lista completa das contra-indicações, queira ler o folheto informativo (por exemplo, Luvox®).

Interações:
A fluvoxamina pode levar a numerosas interações medicamentosas. É um potente inibidor do citocromo CYP1A2 (assim como do CYP2C e do CYP3A4).
Para uma lista completa das interações, queira ler o folheto informativo (por exemplo, Luvox®).

De que forma (forma de dosagem)?
No Brasil, a fluvoxamina está disponível em comprimidos revestidos de filme (50 mg e 100 mg de maleato de fluvoxamina).

Dosagem:
Os comprimidos são geralmente dados uma ou duas vezes por dia e independentemente das refeições.

Remédios no Brasil (lista não exaustiva, da Anvisa):
Genéricos:

Maleato de fluvoxamina Abbott
Similares (lista da Anvisa e site da Anvisa):
Luvox®, de Abbott Laboratórios do Brasil Ltda

Observações:
Uso contra a Covid-19 (redução de 30% no agravamento dos casos, até 60% ou mais em alguns casos e 91% de redução na mortalidade):
Um estudo publicado em 27 de outubro de 2021 na Lancet Global Health (DOI: 10.1016/S2214-109X(21)00448-4) mostrou que a fluvoxamina foi capaz de reduzir as admissões hospitalares em pacientes Covid-19 com risco de formas graves em uma média de pouco mais de 30%. A fluvoxamina é tomada no início dos sintomas da Covid-194, por isso age como uma terapia, não como uma prevenção (o estudo não olhou para seu uso preventivo). Os autores do estudo realizaram testes em uma dúzia de hospitais brasileiros para avaliar se o medicamento impede a hospitalização de pacientes Covid-19 que o recebem precocemente. O estudo envolveu mais de 700 pacientes tomando fluvoxamina, comparado a um número equivalente de pacientes com placebo, e sem que os cuidadores soubessem qual tratamento eles estavam administrando (duplo-cego). Esses pacientes tinham pelo menos um fator de risco: ter mais de 50 anos, fumar, ter diabetes ou não estar sendo vacinados. Os pesquisadores descobriram que pacientes que receberam fluvoxamina tinham 32% menos chances de serem hospitalizados do que aqueles do grupo placebo (que não receberam o antidepressivo). Para pacientes que seguiram exatamente as recomendações – em inglês isto é chamado de per-protocol population5 – tomando fluvoxamina (100 mg duas vezes ao dia) ou placebo por pelo menos 8 dias durante um período de tratamento de 10 dias reduziu as admissões hospitalares em 66% e a mortalidade em 91% com 1 morte no grupo fluvoxamina e 12 mortes no grupo placebo.
Esta é mais ou menos a mesma taxa de redução de mortalidade das vacinas Covid-19 messenger RNA. O professor Edward Mills da Universidade McMaster no Canadá é um dos autores do estudo. Os resultados apresentados em 27 de outubro de 2021 foram tão significativos que o comitê de monitoramento dos dados do estudo decidiu parar a pesquisa, pois não havia mais nenhum benefício em continuar o estudo6.
Possível mecanismo
A fluvoxamina é um antidepressivo, mas também é um antiinflamatório. Inflamação e reação exagerada do sistema imunológico são características da grave infecção por Covid, o que pode explicar porque ela parece ser útil.
Outros estudos sobre a fluvoxamina
Outros pequenos estudos publicados no final de 2020 e 2021 mostraram a possível eficácia da fluvoxamina contra a Covid-197.
Estes incluem um estudo publicado no JAMA (DOI: 10.1001/jama.2020.22760) em novembro de 2020 no qual 80 pacientes receberam fluvoxamina imediatamente após serem diagnosticados com Covid-19 e 72 receberam um placebo após o diagnóstico8. No grupo que recebeu fluvoxamina, nenhum dos pacientes sofreu dos sintomas típicos da Covid-19, como falta de ar ou pneumonia, enquanto que 6 participantes do grupo placebo sofreram.
Em outro chamado estudo observacional publicado em fevereiro de 2021 no Open Forum Infectious Diseases (DOI: 10.1093/ofid/ofab050) 65 pessoas escolheram receber fluvoxamina (50 mg duas vezes ao dia) e 48 recusaram. Após 2 semanas, ninguém tomando fluvoxamina foi hospitalizado, enquanto 6 das 48 pessoas que não tomavam o medicamento foram hospitalizadas. Após 14 dias, os sintomas residuais persistiram em nenhuma das 65 pessoas tratadas com fluvoxamina e 60% (29 de 48) das pessoas sob observação.
Outros antidepressivos sob investigação
O professor Edward Mills explicou ao Wall Street Journal em 287 de outubro de 2021 que outros antidepressivos da mesma família (SSRIs), como a fluoxetina, poderiam ter o mesmo efeito positivo sobre a Covid-19. Atualmente estão sendo feitos estudos.

Fontes e Referências: 
Fontes: 
Anvisa, CNN USA, Pharmawiki.ch, Compendium.ch, [email protected] (jornal dos farmacêuticos da Universidade da Basiléia, Suíça), The Wall Street Journal, Keystone-ATS, Wired.
Literatura:
“100 wichtige Medikamente” – Infomed (2020)
Referências de estudo:
Lancet Global Health (DOI: 10.1016/S2214-109X(21)00448-4), JAMA (DOI: 10.1001/jama.2020.22760), Open Forum Infectious Diseases (DOI: 10.1093/ofid/ofab050).

Escrito por: 
Xavier Gruffat (Farmacêutico)

Última atualização: 
28.10.2021 (V.1.1)

Créditos das fotos:
Fotolia.com/Adobe Stock

Bibliografia e referências científicas:

  1. Anvisa.gov.br
  2. CNN, 28 octobre 2021 – Cheap, generic anti-depressant may reduce severe Covid-19 disease, study finds
  3. Pharmawiki.ch, site em alemão
  4. CNN, 28 de outubro de 2021 – Cheap, generic anti-depressant may reduce severe Covid-19 disease, study finds
  5. Effect of early treatment with fluvoxamine on risk of emergency care and hospitalisation among patients with COVID-19: o ensaio clínico de plataforma aleatório TOGETHER
  6. The Wall Street Journal, 27 de outubro de 2021
  7. The Wall Street Journal, 27 de outubro de 2021
  8. CNN, 28 de outubro de 2021 – Um antidepressivo genérico barato pode reduzir a doença grave da Covid-19, o estudo encontra
Observação da redação: este artigo foi modificado em 06.11.2021

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