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Flúor: quais são os riscos e os benefícios para a saúde?

Você já deve saber que vários países no mundo adicionam flúor na água tratada, que a maioria dos cremes dentais possuem flúor em sua composição e que tudo isso tem a ver com o combate às cáries! Mas você também já deve ter escutado algum rumor que o flúor faz mal à saúde, de cremes dentais sem flúor ou até mesmo de países que não adicionam flúor na água. Afinal, o flúor é bom ou ruim para a sua saúde? Esta resposta não é simples e nós do Criasaude fomos a fundo nas pesquisas científicas, além de entrevistar a Dra. Elizabeth Patrícia do Patrocinio de Almeida (CROMG 31806) que é odontologista integrativa em Belo Horizonte – Brasil, para te ajudar a entender melhor os benefícios e os riscos do uso do flúor.

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Esta resposta não é simples e nós do Criasaude fomos a fundo nas pesquisas científicas, além de entrevistar a Dra. Elizabeth Patrícia do Patrocinio de Almeida, CROMG 31806, que é odontologista integrativa em Belo Horizonte – Brasil, para te ajudar a entender melhor os benefícios e os riscos do uso do flúor.

Flúor e cáries

O flúor, ou melhor os fluoretos, possuem efeito de proteção contra as cáries. Ele age inibindo a desmineralização do esmalte do dente, promovendo a remineralização e inibindo as bactérias na placa dentária. Estes são efeitos tópicos, em outras palavras, não é necessário a ingestão do flúor, ele age no local1.

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a história do uso do flúor na prevenção de cáries começa em 1901, quando um dentista do Colorado (EUA) observou manchas incomuns nos dentes de seus pacientes, que embora manchados eram menos propensos a cáries. Em 1945, após um estudo realizado em 8 cidades nos Estados Unidos e Canada, diversos países começaram a fluoretação das águas públicas em baixa dose.

Embora houvesse dúvidas sobre o elemento na época, diversos países adotaram esta prática, que se tornou uma das medidas mais eficazes no controle das cáries. A fluoretação das águas é uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e de Ministérios da Saúde de diversos países, como o do Brasil2.

No entanto, alguns países como Suécia, Holanda, Alemanha, Suíça e Israel pararam de fluoretar seus suprimentos de água devido a preocupações com segurança e eficácia. Outros países como México, Canadá, Nova Zelândia e Austrália também já apresentam preocupações em relação ao uso do flúor e comunidades dentro desses países pararam com a fluoretação da água pública3.

Segundo a dentista Dra. Elizabeth Patrícia, especialista em odontologia integral entrevistada pelo Criasaude, a fluoretação de águas não seria recomendada, uma vez que os benefícios do flúor só ocorrem quando há o contato direto entre o flúor e o dente, depois que este já está formado, e a ingestão do flúor causa contaminação de sistemas do corpo humano, podendo levar a toxicidade.
A Dra. Elizabeth Patrícia, também salienta que a cárie é uma questão multifatorial, está envolvida com um estilo de vida, consumo de açúcar e carboidratos, baixa escovação e uso do fio dental, entre outros fatores.

Controversas e perigos do flúor

Em altas doses o flúor pode ser tóxico e um dos primeiros sinais da toxicidade é a fluorose, que são manchas amareladas no esmalte do dente. O risco de fluorose é maior em crianças abaixo de 3 anos4.

Há também evidências científicas de que o flúor seja neurotóxico (tóxico para o cérebro) e que a ingestão constante de flúor pode estar associada a: fraturas esqueléticas, câncer, hipotireoidismo, menor quociente de inteligência (QI) infantil, problemas no desenvolvimento da criança5.

Além disso, a eficácia dos fluoretos no combate à cárie tem sido questionada e alguns estudos apontam que seu efeito seria moderado, com uma redução da prevalência de cáries em aproximadamente 13% e não de 60% como indicam os estudos mais antigos6.

A Dra. Elizabeth Patrícia, que há alguns anos não recomenda creme dental com flúor, nos contou que de fato não tem visto diferença na prevalência de cáries entre as pessoas que utilizam e não utilizam o creme dental com flúor.

Riscos x benefícios

A realidade é que de fato o flúor tem um efeito anti-cárie e foi um importante combatente de cáries, principalmente em regiões com baixas condições socioeconômicas. No entanto, notamos que as justificativas do uso do flúor, seja na fluoretação da água ou no creme dental, assim como os estudos que comprovaram a sua segurança, se dão olhando somente a saúde do dente e não o organismo como um todo.

Levando em conta que o efeito do flúor é tópico e não sistêmico, as autoridades de saúde deveriam rever políticas de ingestão sistêmica de flúor através da água ou alimentos e investir em políticas públicas de prevenção da cárie que sejam mais seguras para a população, como a escovação e a redução do consumo de açúcar.

Em relação ao uso do creme dental com flúor, alguns países já adotaram seu uso somente com prescrição de odontologistas, lidando como um medicamento para casos específicos onde são avaliados os riscos e benefícios do uso do flúor para cada caso, e não um uso em massa da população.

É importante lembrar que o alerta principal para o uso do flúor se dá para as crianças pequenas que estão com seus dentes em formação, tanto em relação ao surgimento da fluorose, como também para os problemas de neurodesenvolvimento.

19 de abril de 2023.

Redação
Adriana Sumi (Farmacêutica)

Fontes e referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.be em abril de 2023 com a Dra. Elizabeth Patrícia do Patrocinio de Almeida, CROMG 31806, que é odontologista integrativa em Belo Horizonte, Brasil.Instagram: @dra_elizabeth_patricia

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo.

Bibliografia e referências científicas:

  1. Artigo em inglês do Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Centers for Disease Control and Prevention, acessado em abril de 2023 pelo Criasaude, link funcionando nesta data
  2. Recomendação da Organização Mundial da Saúde de 2006 – Arnold FA, LikensRC, Russell AL, Scott DB. Fifteenth year of the grand Rapids fluoridation study. Journal of the American Dental Association. 1962;65:780–785
  3. Relatório do Governo do Canadá sobre a fluoretação da água, The State of Community Water Fluoridation across Canada, de 2022 – Toumba KJ, Twetman S, Splieth C, Parnell C, van Loveren C, Lygidakis NΑ. Guidelines on the use of fluoride for caries prevention in children: an updated EAPD policy document. Eur Arch Paediatr Dent. 2019 Dec;20(6):507-516. doi: 10.1007/s40368-019-00464-2
  4. Toumba, K.J., Twetman, S., Splieth, C. et al. Guidelines on the use of fluoride for caries prevention in children: an updated EAPD policy document. Eur Arch Paediatr Dent 20, 507–516 (2019). https://doi.org/10.1007/s40368-019-00464-2
  5. Nakamoto T, Rawls HR. Fluoride Exposure in Early Life as the Possible Root Cause of Disease In Later Life. J Clin Pediatr Dent. 2018;42(5):325-330. doi: 10.17796/1053-4625-42.5.1. – Choi AL, Sun G, Zhang Y, Grandjean P. Developmental fluoride neurotoxicity: a systematic review and meta-analysis. Environ Health Perspect. 2012 Oct;120(10):1362-8. doi: 10.1289/ehp.1104912 – Susheela AK, Bhatnagar M, Vig K, Mondal NK. Excess fluoride ingestion and thyroid hormone derangements in children living in Delhi, India. Fluoride. 2005;38(2):98–108.- Community Water Fluoridation Exposure: A Review of Neurological and Cognitive Effects. Ottawa (ON): Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health; 2019 Oct 23. PMID: 31873994
  6. Peckham S, Awofeso N. Water fluoridation: a critical review of the physiological effects of ingested fluoride as a public health intervention. ScientificWorldJournal. 2014 Feb 26;2014:293019. doi: 10.1155/2014/293019.
Observação da redação: este artigo foi modificado em 19.04.2023

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