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Entenda melhor as estatinas com o Prof. Nicolas Rodondi

As estatinas são uma classe de medicamentos com efeito hipolipemiante que reduz o nível de LDL (lipoproteína de baixa densidade) ou “colesterol ruim”. As estatinas são geralmente prescritas para pessoas com histórico de problemas cardíacos, como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC). O Criasaude.com.br (e o Creapharma.ch) pôde entrevistar um dos maiores especialistas em estatinas da Suíça, o Prof. Nicolas Rodondi (foto abaixo) da Universidade de Berna. Ele também é médico-chefe do Inselspital em Berna.

Entenda melhor as estatinas com o Prof. Nicolas Rodondi

Criasaude.com.br (Xavier Gruffat, farmacêutico) – O que são as estatinas e quando elas são utilizadas?
Prof. Nicolas Rodondi – As estatinas são medicamentos que reduzem o nível de “colesterol ruim” (LDL) no sangue. É importante saber que as estatinas diminuem muito pouco os triglicerídeos e outros lipídios, além de aumentar apenas ligeiramente o “colesterol bom” (HDL) no sangue.

No jargão médico, falamos de prevenção primária e prevenção secundária. Você pode nos explicar como essa diferença é fundamental?
Vamos começar com a prevenção secundária. O termo “secundário” significa que a pessoa ou paciente já teve problemas cardiovasculares, como um infarto do miocárdio (ataque cardíaco), um acidente vascular cerebral (AVC) ou obstrução de artérias nas pernas que necessitem intervenção. Para a prevenção primária, são considerados todos os outros pacientes. Ou seja, aqueles que não tiveram um evento cardiovascular anteriormente. Por exemplo, uma pessoa com níveis elevados de LDL, mas que nunca teve um evento cardiovascular, está no grupo de prevenção primária.

Há alguns anos (2013), houve uma grande polêmica, principalmente na França, com o livro do Prof. Philippe Even: “A verdade sobre o colesterol”. Segundo esse autor, na maioria dos casos, diminuir o LDL não reduz o risco cardiovascular, pois o colesterol e especialmente o LDL geralmente não são responsáveis pela formação de ateromas (placas) nas artérias. Mas você pensa o contrário ou, pelo menos, de forma mais sutil, como muitos de seus colegas, que as estatinas são úteis em muitas situações. Você pode nos explicar?
Sim, a maioria dos especialistas concorda, com base em numerosos estudos clínicos, que é benéfico tomar estatinas durante a prevenção secundária, ou seja, depois de uma pessoa ter tido um ou mais eventos cardiovasculares. A redução do risco de novos eventos como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral, ou seja, recorrências, é da ordem de aproximadamente 30% na prevenção secundária.

Os estudos são menos claros na prevenção primária. Existem outros fatores que impactam negativamente a saúde cardiovascular, como o tabagismo ou certas doenças, incluindo doenças genéticas que envolvem colesterol elevado. Mas, em geral, quando existem outros fatores de risco importantes, especialmente se existirem vários, as estatinas podem ser úteis. É mais complicado decidir se deve tomar ou interromper as estatinas com riscos moderados ou baixos na prevenção primária, especialmente nos idosos.

É por isso que desenvolvemos um estudo que procura compreender melhor o potencial benefício das estatinas na prevenção primária em idosos. Este estudo chama-se STREAM e procura esclarecer os potenciais benefícios e efeitos negativos das estatinas em idosos. Pessoas com mais de 70 anos que tomam estatinas podem registar-se no site do estudo www.statin-stream.ch, que está acontecendo em 25 centros em toda a Suíça e envolve mais de 200 médicos da família, bem como em um centro na Holanda e um em Bordéus (França). O estudo é um dos poucos estudos independentes da indústria relacionados com esses tratamentos, com financiamento do Fundo Nacional de Pesquisa Suíço.

Até que idade é benéfico tomar estatinas? Você falou sobre isso em uma apresentação no congresso médico suíço, o Quadrimed,  em janeiro de 2024…
Para prevenir doenças secundárias (caso já tenha tido um ataque cardíaco ou um AVC), sendo pessoas até 82 anos, é aconselhável tomar estatinas. Estou mencionando os 82 anos porque estudos incluíram pessoas até essa idade. Pacientes de 82 anos provavelmente continuam a se beneficiar das estatinas tanto quanto pacientes mais jovens de 60 ou 70 anos. Após os 82 anos, não sabemos ao certo devido à falta de estudos. Mas mesmo que não haja estudos, isso não significa que o paciente deva parar as estatinas aos 83 anos, pois não há razão para pensar que as estatinas sejam menos protetoras.

Para prevenção primária (sem eventos cardiovasculares no passado), os estudos mostram, como mencionado anteriormente, que até os 70 anos as pessoas com alto risco, como fumantes ou com certas doenças genéticas, se beneficiam ao tomar estatinas, embora menos do que na prevenção secundária. A partir dos 70 anos, os estudos não conseguiram demonstrar que as estatinas evitam um primeiro acidente ou um evento cardiovascular, como um infarto do miocárdio ou AVC. Nessas pesquisas, as pessoas começaram o tratamento aos 70 anos ou mais. No entanto, isso poderia ser diferente se a pessoa tivesse começado o tratamento com estatinas, por exemplo, 20 anos antes (aos 50 anos). A situação é diferente aqui, pois pode-se imaginar que a pessoa tenha sido protegida pelo uso de estatinas por muitos anos. No entanto, um pequeno estudo americano (cerca de 380 pessoas) mostrou que aqueles que interromperam as estatinas aos 70 anos ou mais, para prevenção primária, não tiveram mais eventos cardiovasculares (como infartos) do que aqueles que continuaram com as estatinas. Um ponto importante é que aqueles que pararam as estatinas tiveram um leve aumento na qualidade de vida. Isso porque sabemos que de 10 a 20% das pessoas que tomam estatinas têm efeitos colaterais musculares (falaremos mais sobre isso posteriormente na entrevista). Assim, pode-se imaginar uma diminuição da mobilidade em idosos que tomam estatinas. No entanto, são necessários estudos maiores, como o nosso estudo mencionado acima.

Sabemos que interromper as estatinas sem uma decisão médica pode ser arriscado. Você também já observou em sua prática diária interrupções no uso de estatinas sem consulta médica?
É importante distinguir entre prevenção primária e prevenção secundária. Na prevenção secundária, como mencionado, não se deve interromper o uso. Na prevenção primária é mais complicado, um estudo dinamarquês de coorte retrospectiva (10.1001/jamanetworkopen.2021.36802), baseado em dados administrativos, mostrou um aumento de risco, mas não é um estudo de alta qualidade devido a múltiplos vieses. Por exemplo, podemos imaginar que um paciente tenha um câncer em estágio avançado (com metástases) e o médico decida interromper as estatinas. O falecimento do paciente não está relacionado à interrupção das estatinas, mas sim ao câncer. Os resultados desse estudo dinamarquês sugerem que serão necessárias evidências sólidas provenientes de ensaios clínicos randomizados.

Sabemos por que as pessoas param de tomar estatinas?
Acho que muitas vezes está relacionado a efeitos colaterais musculares, dores musculares. Talvez também porque não veem nenhum benefício direto na redução do nível de LDL. Esses efeitos colaterais nos músculos podem afetar de 10 a 20% dos pacientes, provavelmente em torno de 10%. Porque também existem os chamados efeitos “nocebo”. O paciente sabe e teme que as estatinas causem efeitos colaterais musculares. Os estudos ditos cross-over (cruzados) demonstraram que por vezes são relatados efeitos colaterais musculares mesmo com um placebo (o paciente não sabe se está recebendo uma estatina ou um placebo).

Em relação aos efeitos colaterais musculares, na minha opinião eles são reais. Existem estudos que mostram alterações nas fibras musculares, por exemplo trabalhos feitos com ressonância magnética.

É possível diminuir o LDL através da alimentação e sem estatinas ou muitas vezes é difícil?
É possível, mas muitas vezes você só consegue diminuir o nível de LDL em 5 a 10% quando muda sua alimentação. Isto não é enorme, mas o impacto em eventos cardiovasculares futuros através da mudança na alimentação é muito significativo, da ordem de 30%, muito mais do que a redução bastante modesta do LDL. Ou seja, adotar uma alimentação saudável como a dieta mediterrânea pode reduzir em 30% o risco de sofrer eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral no futuro. Provavelmente o efeito de uma melhor alimentação está ligada, entre outras coisas, à redução da inflamação. Existem também alguns pacientes que, ao alterarem a sua alimentação, especialmente se a alimentação básica for muito pobre (junk food), podem diminuir o seu nível de LDL em até 30%, mas isto é pouco frequente. Além disso, melhorar a alimentação pode ter um efeito muito significativo nos triglicerídeos.

No entanto, observe que para um idoso com mais de 70 anos, mudar radicalmente a alimentação – nomeadamente adotar uma nova dieta – nem sempre é o ideal porque pode, por exemplo, afetar a massa muscular. Perder músculos pode aumentar o risco de queda.

Você está realizando um estudo na Suíça sobre a interrupção do uso de estatinas. Poderia nos contar mais? Por que você lançou este estudo?
Como já mencionado, este estudo STREAM ajudará a esclarecer o benefício das estatinas em pessoas idosas. A ideia é realmente conhecer a utilidade das estatinas em pessoas mais velhas na prevenção primária, portanto em pessoas que não tiveram problemas cardiovasculares como infarto do miocárdio. Queremos ver o impacto das estatinas na qualidade de vida, nos músculos e nas quedas. Outro objetivo é ajudar as equipes médicas responsáveis pelo tratamento a tomar a decisão certa ao prescrever estatinas. Por um lado, temos médicos que são contra as estatinas em idosos, por outro, há uma real falta de estudos de qualidade que deem clareza. Existe também um comitê de ética internacional para garantir que o estudo possa ser interrompido a qualquer momento em caso de risco, tanto no grupo das estatinas quanto no grupo que não as toma. Por exemplo, se percebermos que as estatinas têm um grande efeito na prevenção primária de eventos cardiovasculares, deverá ser possível interromper o estudo.

Qual é o risco de sofrer uma hemorragia cerebral quando se toma estatinas?
Há muitos anos que se discute o risco de hemorragia cerebral relacionado com as estatinas. Ao reunir e coletar dados de todos os estudos randomizados, conseguimos demonstrar em um 1que havia um pequeno risco de hemorragia cerebral. Felizmente este risco é relativamente raro, afetando um em cada 3.000 pacientes ao longo de sete anos de tratamento. Dado que o benefício na maioria dos pacientes é muito maior, isso não é motivo para parar, pelo menos sem discutir o assunto com o seu médico. Por outro lado, é mais um argumento para esclarecer o benefício em pacientes para os quais os dados não são claros, como nos idosos em prevenção primária que participam do nosso estudo mencionado acima.

O Criasaude.com.br agradece o professor Nicolas Rodondi por nos ceder seu tempo para esta entrevista.

20 de abril de 2024. Entrevista realizada por telefone (via Zoom) em 31 de janeiro de 2024 entre o professor Nicolas Rodondi e Xavier Gruffat (farmacêutico) para os sites Creapharma.ch, Criasaude.com.br, Pharmapro.ch e Medpro.ch. A entrevista foi então editada para facilitar a leitura.

Entendendo e lidando com a perimenopausa

Se você está enfrentando ondas de calor, menstruações irregulares, mudanças de humor ou aumento de peso com concentração de gordura abdominal, pode ser que você esteja passando pela perimenopausa. Esta fase é uma transição natural na vida de uma mulher, que antecede a menopausa. Durante esse período, o corpo passa por flutuações hormonais que podem resultar em uma variedade de sintomas, podendo impactar significativamente a saúde e o bem-estar. Mas como navegar por essa fase da vida?
O Criasaude reuniu as informações científicas mais relevantes e entrevistou a ginecologista Dra. Amanda Loretti, especialista em ginecologia endócrina pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, para te ajudar a entender melhor o que é a perimenopausa, seus sintomas, tratamentos e estratégias para uma transição saudável.

Entendendo e lidando com a perimenopausa

O que é a perimenopausa?

A perimenopausa, também conhecida como pré-menopausa, é uma fase do climatério, marcada por flutuações hormonais que antecedem a menopausa. Esta última é definida quando a mulher fica 12 meses consecutivos sem menstruar, devido ao encerramento da liberação de óvulos e, por consequência, à diminuição na produção de estrógeno e progesterona, geralmente entre os 40 e 55 anos1. A perimenopausa pode começar até 10 anos antes da menopausa, por volta dos 30 anos.

Sintomas da perimenopausa

Os sintomas da perimenopausa podem variar de mulher para mulher e podem incluir 2:

Ondas de calor (fogachos): um dos mais famosos sintomas da menopausa, que são súbitos episódios de calor intenso muitas vezes acompanhados de sudorese e vermelhidão facial.

Alterações de humor: oscilações de humor, irritabilidade, depressão e ansiedade são comuns.

Distúrbios no sono: dificuldade em adormecer e manter o sono, bem como insônia.

Alterações no ciclo menstrual: ciclos menstruais mais curtos ou longos, variações na quantidade de sangramento e irregularidades nos intervalos entre menstruações, além de agravamento dos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM).

Secura vaginal: a diminuição dos níveis de estrogênio pode resultar em secura vaginal e desconforto ou até dor durante a relação sexual.

Diminuição da libido: diminuição do desejo sexual.

Outros sintomas: lapsos de memória, ressecamento da pele/olhos/boca e aumento da necessidade de urinar.

É importante notar que nem todas as mulheres experimentam todos esses sintomas e que a gravidade dos sintomas pode variar.

Como identificar se estou na perimenopausa?

Não existe um sintoma ou exame laboratorial específico que irá determinar se você está ou não na perimenopausa ou menopausa. Esta avaliação deve ser feita com base no histórico menstrual, avaliação de sintomas e se necessário testes laboratoriais de dosagem de hormônios3.

Tratamentos da perimenopausa

O tratamento da perimenopausa tem o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres durante essa transição. Segundo a ginecologista Dra. Amanda Loretti, o principal tratamento para os sintomas da perimenopausa é adotar hábitos de vida saudáveis como praticar atividades físicas e alimentação saudável.

A atividade física deve ocorrer idealmente 4 vezes por semana, sendo uma mescla de atividades de força com aeróbicos, que reduzem o risco cardiovascular, a chance de câncer de mama, o risco de osteoporose, ajuda com a variação do humor, reduz sintomas depressivos e ansiosos e auxilia a saúde do sono.

A alimentação saudável, seria uma alimentação baseada principalmente em alimentos naturais como frutas, verduras, grãos e tubérculos. Evitar o consumo de cafeína, álcool e industrializados em excesso ajuda com o controle das ondas de calor e é importante para a manutenção da saúde.

Outros tratamentos podem ser necessários, caso os sintomas ainda estejam muito fortes e impactando o dia a dia, como:

Terapia de reposição hormonal (TRH): A TRH envolve a reposição de estrogênio e progesterona, podendo ajudar a aliviar os sintomas graves da perimenopausa. No entanto, é importante discutir os riscos e benefícios da TRH com a equipe médica que te acompanha, pois ela pode estar associada a certos riscos, como coágulos sanguíneos e câncer de mama.

No caso de secura vaginal, existem medicamentos tópicos a base de estrógeno e estradiol como comprimidos vaginais, creme e anel vaginal. Eles agem localmente diminuindo os riscos sistêmicos do uso do estrógeno.

Medicamentos não hormonais: Alguns medicamentos, como antidepressivos e medicamentos para pressão arterial, podem ser prescritos para ajudar a aliviar os sintomas da perimenopausa, como alterações de humor e ondas de calor.

Tratamentos naturais: Existem diversas ervas que atuam amenizando sintomas do climatério e podem ser prescritas a depender de cada caso, algumas das ervas mais conhecidas para essa fase são: soja (isoflavonas), cimicifuga, folha de amora (isoflavonas), sálvia, entre outras.

Lubrificantes: no caso da secura vaginal, o uso de lubrificantes pode ajudar a diminuir o desconforto durante relações sexuais. Caso não seja suficiente, o uso tópico de hormônios pode ser prescrito pela equipe médica, saiba mais em tratamento de reposição hormonal.

É importante lembrar que os tratamentos devem ser acompanhados e prescritos (com exceção do lubrificante) por uma equipe médica ou especialistas (no caso dos tratamentos naturais).

Quando procurar ajuda médica?

O climatério não é uma patologia, muitas mulheres podem passar por esse período sem precisar de tratamentos específicos, no entanto o acompanhamento médico durante esse período é essencial mesmo sem sintomas incômodos. Nesta fase da vida é importante realizar exames preventivos como mamografia, colonoscopia, avaliação da saúde dos ossos através da densitometria e avaliação do risco cardiovascular, explica a ginecologista Dra. Amanda Loretti.

Para além dos exames e acompanhamento de rotina, quando os sintomas começarem muito cedo (antes dos 35) ou quando os sintomas estiverem impactando o bem-estar, o auxílio e acompanhamento médico é ainda mais importante.

Dicas para uma transição saudável

Além do tratamento médico, existem várias estratégias que as mulheres podem adotar para navegar pela perimenopausa de maneira saudável:

Informação: busque informações sobre a perimenopausa para entender melhor as mudanças em seu corpo.

Apoio emocional: tenha um sistema de apoio emocional com amizades, familiares e profissionais de saúde.

Autocuidado: priorize o autocuidado, praticando técnicas de relaxamento e reservando tempo para atividades prazerosas.

Redação
Por Adriana Sumi (farmacêutica), 22.04.2024

Por que a cafeína deve ser evitada na infância?

O hábito de consumir cafeína, tão comum na vida adulta, tem suscitado preocupações crescentes quando se trata das crianças. Enquanto muitos adultos recorrem à cafeína para se manterem alertas e enérgicos ao longo do dia, seus efeitos sobre o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças são motivo de debate e cautela.

Por que a cafeína deve ser evitada na infância?

Para entender melhor esses impactos e os reais risco da cafeína para as crianças, entrevistamos a nutricionista Paula Stancari (CRN3 17228), especializada em nutrição materno infantil e saúde da família, criadora do método Bebê Comendo Bem e fundadora da Clínica de Nutrição Materno infantil Paula Stancari.

Impactos da cafeína no desenvolvimento infantil

Especialistas advertem que a cafeína deve ser evitada até os 12 anos de idade, e com razão. Apesar de pessoas em qualquer idade serem suscetíveis à cafeína, as crianças são mais afetadas por seu efeito, “Uma quantidade insignificante para um adulto pode ser “surpreendente” para uma criança pequena”, alerta a nutricionista Paula Stancari.

A maior sensibilidade ao efeito da cafeína nas crianças se dá devido ao menor tamanho corporal, por não terem sido expostos cronicamente a cafeína (menos tolerância), provavelmente, por estarem com o cérebro ainda em formação e por não terem a sabedoria de perceber quando já consumiram muita cafeína.

O excesso de cafeína em crianças pode causar 1:

Arritmias (ritmos cardíacos anormais).

Aumento da pressão arterial

Ansiedade.

– Desidratação.

Diarreia.

– Dores de cabeça.

– Mudanças de humor.

– Inquietação ou nervosismo.

– Convulsões.

– Distúrbios do sono.

– Tremores.

– Desconforto estomacal, aumento de refluxo ácido.

– Interferência no desenvolvimento neurocognitivo. Um estudo transversal com 4243 crianças em idade escolar revelou que aquelas que ingeriam café ou refrigerante diariamente tinham o dobro de risco de desenvolver distúrbios do sono2.

Por que a cafeína deve ser evitada na infância?

Além do café, outros alimentos contêm cafeína e devem ser evitados

Segundo a American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, a maioria das crianças e adolescentes bebe ou come alguma forma de cafeína diariamente.

A cafeína é encontrada naturalmente em alguns alimentos e bebidas à base de plantas e pode ser adicionada a produtos industrializados. É importante identificar as principais fontes de cafeína presentes na alimentação das crianças, que geralmente vêm de refrigerantes (principalmente do tipo cola e guaraná), café e chás (principalmente chá preto e chá branco) ou de produtos industrializados, ler os rótulos dos produtos é muito importante.

Fontes de cafeína3:

– Refrigerantes, principalmente à base de cola e depois guaraná.

Café

– Chás (preto, branco, verde, chimarrão e mate), incluindo os chás gelados.

– Bebidas energéticas

– Chocolate e alguns alimentos com sabor “café” (sorvetes, iogurtes, doces de grãos de café)

– Outras bebidas (sucos) e alimentos para petiscar (balas, chicletes, manteiga de amendoim, barras de energia) com cafeína adicionada – Alguns medicamentos de venda livre

– Suplementos (suplementos para perda de peso, energia e exercícios)

Não há um consenso global sobre os limites seguros de consumo de cafeína para crianças. As recomendações da Associação Brasileira de Pediatria são de evitar a cafeína até os 12 anos de idade e estabelecem um limite de ingestão diária para adolescentes entre 12 e 18 anos, não excedendo 100mg por dia, equivalente a uma xícara de café4.

Dicas para uma abordagem saudável e educativa

Separamos algumas sugestões da nutricionista infantil Paula Stancari de como abordar o consumo de cafeína com as crianças de forma saudável e algumas dicas práticas para o dia a dia:

– Tenha conversas abertas, honestas e de fácil entendimento, com as crianças sobre o que é a cafeína, onde é encontrada e seus efeitos no corpo das crianças: atrapalha o sono, dá agitação e irritabilidade e faz o coração bater mais forte.

– Incentive o consumo de água, água de coco, sucos naturais, leite, vitaminas de frutas e iogurtes.

– Seja um exemplo positivo para as crianças, não tenha em casa refrigerantes e energéticos, assim a criança não sentirá falta desse tipo de bebida, pois não teve acesso e não está exposta.

– Mantenha canais de comunicação abertos com as crianças para que elas se sintam à vontade para fazer perguntas e compartilhar preocupações sobre o consumo de cafeína.

– Em festinhas combine com a criança para consumir suco ou água, preferencialmente.

– Se for um hábito da família consumir chá, opte por versões sem cafeína como camomila, erva doce, chá de frutas.

– Caso a criança já esteja habituada a consumir o café com leite, substitua pelo café solúvel descafeinado em água ou outras opções mais saudáveis como por exemplo vitamina de fruta.

Redação
Por Adriana Sumi (farmacêutica), 21.03.2024

7 dicas para prevenir o declínio cognitivo e demência

Com o aumento da população mundial e a expansão da expectativa de vida, temos testemunhado um notável aumento nos casos de demência. De acordo com previsões de um grupo de pesquisadores internacionais, espera-se que 152,8 milhões de pessoas sejam afetadas por algum tipo de demência até o ano de 2050, representando um aumento de 2,7 vezes em comparação com os números de 20191.

7 dicas para prevenir o declínio cognitivo e demência

Embora o declínio cognitivo seja uma parte natural do envelhecimento, existem fatores que podem acelerar esse processo e aumentar o risco de demência. Utilizando o banco de dados britânico e cruzando dados com 210 fatores de riscos modificáveis, cientistas estimaram que 47,0 a 72,6% dos casos de demência poderiam ser prevenidos 2.

Para entender melhor esses fatores entrevistamos a neurocientista Dra. Elisa Resende (CRM: 52181), professora adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, integrante do Atlantic Fellow for Brain Equity na Universidade da Califórnia (EUA) e separamos 7 dicas para prevenir o declínio cognitivo e demência:

1. Exercite-se regularmente

Pratique atividades físicas aeróbicas, como corrida, caminhada, natação ou hidroginástica. O ideal é praticar 5 vezes por semana, por pelo menos 30 minutos consecutivos, mas se você não consegue tudo isso, faça o que é possível. “Mesmo pequenas quantidades de exercícios aeróbicos podem reduzir os riscos de declínio cognitivo”, explica a Dra. Elisa Resende.

2. Mantenha sua mente ativa

Assim como um músculo, o cérebro precisa ser exercitado para se manter saudável. Existem várias maneiras de manter seu cérebro em forma, como resolver palavras cruzadas ou Sudoku, ler, jogar cartas ou montar quebra-cabeças. Encare isso como uma variedade de treinamento para o cérebro. Integre diferentes tipos de atividades para aumentar a eficácia. Estudar e aprender novas atividades também fazem diferença, pessoas alfabetizadas e com maior grau de estudo formal, correm menos risco de declínio cognitivo e demência.

Evite assistir TV ou vídeos no celular em excesso, pois é uma atividade passiva que pouco estimula seu cérebro.

3.Cuide da saúde vascular

A saúde de suas artérias e veias é crucial não apenas para a saúde do coração, mas também para a saúde cerebral. Faça verificações regulares de pressão arterial, açúcar no sangue e colesterol, tome medidas para manter esses números dentro da faixa normal.

Um dos fatores que aumenta o risco de declínio cognitivo e o surgimento de demência é a hipertensão, diabetes e colesterol alto não tratados.

4. Adote uma alimentação saudável

Diversos estudos apontam que alimentos ultraprocessados estão associados ao aumento do risco de declínio cognitivo e demência, portanto evite ao máximo esses tipos de alimentos.

Dentro de diferentes tipos de alimentações benéficas para o cérebro, a dieta mediterrânea parece ser uma das mais promissoras. É uma dieta rica em frutas e verduras, pouco industrializados, que dá preferência ao consumo de carne branca ao invés da carne vermelha, rica em castanhas e nozes, com baixo consumo de carboidratos e maior consumo de fibras3.

5. Cuide da sua audição

Proteja sua audição controlando o volume dos dispositivos eletrônicos e utilizando protetores auriculares em ambientes ruidosos. Para aqueles com perda auditiva, o uso de aparelhos auditivos pode ajudar a reduzir o declínio cognitivo ao longo do tempo.

Pessoas com perda auditiva estão mais propensas ao declínio cognitivo e demência, então cuide do volume dos aparelhos eletrônicos, principalmente no uso de fone de ouvido, e caso você faça uma atividade que envolva grandes ruídos não esqueça de utilizar os protetores auriculares.

Para as pessoas que já possuem perda auditiva e um alto risco de declínio cognitivo, os aparelhos auditivos podem reduzir o declínio cognitivo ao longo de 3 anos, é o que indica um estudo publicado na revista The Lancet em setembro de 20234.

6. Mantenha uma vida social ativa

Fortaleça seus laços sociais, pois eles estão associados a um menor risco de demência, bem como a uma pressão arterial mais baixa e uma vida mais longa. A interação social também ajuda a afastar a depressão e o estresse, fatores que podem contribuir para a perda de memória e declínio cognitivo. Procure oportunidades para se conectar com pessoas queridas, especialmente se você mora sozinho.

7. Proteja sua cabeça

Evite lesões traumáticas na cabeça, usando sempre capacete e cinto de segurança.

Redação

Adriana Sumi (farmacêutica)

Azeite de oliva: 5 benefícios para a saúde

Por Seheno Harinjato (jornalista)

Alimento emblemático da dieta mediterrânica, o óleo (azeite) de oliva é particularmente apreciado por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias associadas a menor risco de doenças cardiovasculares e outros benefícios à saúde. Um estudo publicado em 2022 no Journal of the American College of Cardiology1revela por exemplo que consumir mais de 7 gramas (mais de meia colher de sopa) de óleo de azeitona por dia estaria associada a um menor risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, câncer, doenças neurodegenerativas e doenças respiratórias. Aqui está um breve resumo dos 5 principais efeitos benéficos do azeite para a saúde, que o tornam um dos alimentos preferidos para se viver mais.

Tipos de azeite de oliva

É importante mencionar que existem diferentes tipos de azeite de oliva, incluindo o azeite de oliva refinado, o azeite de oliva virgem e o azeite de oliva extra virgem. Entre essas três formas de azeite, o azeite de oliva extra virgem é o mais benéfico para a saúde, pois suas propriedades permanecem intactas devido a um método de extração a frio. Essa técnica evita que o azeite (óleo) seja alterado pela temperatura ou produtos químicos. Portanto, é a versão menos processada e mais rica em antioxidantes e gorduras saudáveis para o coração. Este óleo também é conhecido como EVOO (abreviação em inglês para extra virgin olive oil), termo que era principalmente utilizado por especialistas, mas que recentemente também tem sido adotado pelos consumidores. De fato, o termo “azeite de oliva” ou “óleo de oliva”  às vezes esconde produtos de qualidade duvidosa. Agora, quando se trata de EVOO, geralmente nos referimos a óleos de azeite de oliva extra virgem de alta qualidade. Para garantir que você esteja escolhendo um azeite de oliva de alta qualidade, procure por um que tenha sido testado quanto à pureza e qualidade,  que atenda às normas estabelecidas pelo Conselho Oleícola Internacional (COI).

Azeite de oliva: 5 benefícios para a saúde

1. Fonte de gorduras saudáveis

Uma das principais vantagens do azeite de oliva é o seu teor de gorduras monoinsaturadas. Isso ajuda a reduzir o colesterol total e as lipoproteínas de baixa densidade LDL, ou “mau” colesterol, a baixar a pressão arterial e a combater as inflamações prejudiciais2.Para aproveitar ao máximo esse efeito benéfico do azeite de oliva na saúde, os pesquisadores recomendam substituir completamente as gorduras saturadas por gorduras monoinsaturadas. Portanto, é recomendável usar EVOO em vez de manteiga, margarina, maionese, gorduras lácteas e outros tipos de óleo.

2. Bom para a saúde do coração O

azeite de oliva ajuda a reduzir os lipídios e a pressão arterial. Devido aos polifenóis presentes no EVOO, ele pode ajudar a proteger contra a aterosclerose, um endurecimento das artérias, derrame e doenças cardiovasculares. Além disso, o ácido oleico, o principal ácido graxo do azeite de oliva, que representa cerca de 73% do próprio óleo, também é bom para o coração. É uma gordura monoinsaturada que ajuda a reduzir o colesterol ruim, aumentar o colesterol bom e limitar o risco de doenças cardíacas e derrames. Outro composto presente no azeite de oliva, a oleuropeína, conhecida por sua capacidade de ajudar a baixar a pressão arterial, também participa da proteção das lipoproteínas de baixa densidade LDL, ou “mau” colesterol, e de oxidações3.

3. Alto teor de antioxidantes

Os antioxidantes são moléculas que protegem as células contra os danos causados pelos radicais livres. Estes últimos são moléculas instáveis no corpo cuja presença pode causar estresse oxidativo, aumentando o risco de envelhecimento e desenvolvimento de doenças crônicas. Os antioxidantes formam assim uma espécie de escudo ao redor das células, e o EVOO contém mais de 20 tipos de polifenóis, um tipo de antioxidante que ajuda a reduzir a inflamação no organismo e a preservar a saúde do coração.

4. Protege contra o câncer

O estresse oxidativo que mencionamos anteriormente desempenha um papel importante no desenvolvimento do câncer, daí a relevância dos antioxidantes presentes no azeite de oliva. Um estudo publicado na revista Molecular & Cellular Oncology4mostrou que um componente do azeite de oliva prensado a frio foi capaz de matar células cancerosas, em um experimento in vitro. Foi demonstrado que os compostos e os antioxidantes presentes no EVOO podem ajudar a reduzir o risco de câncer. O oleocanthal, em particular, desempenharia um papel na morte celular das células cancerosas, agindo como um medicamento anti-inflamatório, uma vez que pode reduzir os danos oxidativos causados pelos radicais livres, que são um dos principais fatores do câncer.

5. Melhora o desempenho cerebral

O azeite de oliva é benéfico para o cérebro. Um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology5 mostrou uma redução de 29% no risco de morte por doença neurodegenerativa com o consumo regular de azeite de oliva, em média mais de meia colher de sopa por dia, ou cerca de 7 gramas. Outros estudos, como o publicado no Wiley Online Library6,que foi conduzido em camundongos, confirmam esse efeito benéfico do azeite de oliva para a cognição. De fato, os resultados revelaram uma redução na incidência da doença de Alzheimer e uma diminuição significativa nos níveis de depósito de peptídeos β-amiloides (Aβo) no cérebro.

Azeite de oliva: 5 benefícios para a saúde

21 de fevereiro de 2024

Supervisão Científica:
Xavier Gruffat (farmacêutico)

Créditos fotográficos e infográficos:
Criasaude.com.br, Adobe Stock, © 2024 Pixabay, Pharmanetis Sàrl

Cetamina: esperança na depressão resistente

Melhorar um quadro de depressão pode ser uma jornada desafiadora. Os medicamentos antidepressivos convencionais e a busca por aconselhamento psicológico costumam ser eficazes para muitas pessoas, mas algumas não encontram alívio adequado. Os sintomas podem persistir sem melhora significativa, ou mesmo quando melhoram, tendem a retornar com frequência. Essas são as características da depressão que não responde bem aos tratamentos convencionais, conhecida como depressão resistente ao tratamento (DRT).

Cetamina: esperança na depressão resistente

Cerca de um terço dos quase 9 milhões de pessoas nos Estados Unidos tratadas para depressão a cada ano têm DRT1. Para ser considerada DRT, a pessoa tem que ter não respondido a pelo menos 2 tratamentos com medicamentos convencionais realizados adequadamente. O que pode significar anos de tratamento sem melhora. Em meio a esse cenário desafiador, surge uma nova esperança com o tratamento com a cetamina.

O que é a cetamina e como funciona?

A cetamina, utilizada como anestésico desde 1970, passou a ser pesquisada por sua capacidade de proporcionar alívio rápido e significativo nos sintomas depressivos a partir dos anos 2000 e teve a aprovação de órgãos regulatórios dos Estados Unidos (FDA) e União Europeia (EMA) em 2019. No Brasil a cetamina teve sua primeira autorização para tratamento de depressão resistente em 2020.

Seu mecanismo de ação difere dos antidepressivos convencionais como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina – ISRSs, atuando sobre os receptores NMDA no cérebro, modulando as vias neuronais relacionadas às emoções e gerando novas conexões.

Para quem a cetamina é indicada?

A cetamina é indicada no caso da depressão resistente, ao seja, quando a pessoa já passou por pelo menos 2 tratamentos feitos integralmente com os medicamentos convencionais, geralmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), e não teve melhora nos sintomas da depressão e/ou ideações suicidas.

Ela também está sendo utilizada em tratamentos de dor crônica, ansiedade e outras questões psiquiátricas mesmo sem estar autorizada para isso oficialmente, mas com embasamento de estudos clínicos preliminares (uso off label, que não consta na bula).

Benefícios

Os benefícios do tratamento com cetamina no caso da DRT são notáveis e rápidos.

Um estudo publicado em setembro de 2022 na revista científica Psychiatrist, demonstrou que metade dos pacientes tiveram uma melhora significativa após 6 semanas de tratamento e 70% após 10 semanas2. Além disso, os pacientes relatam melhora já nas primeiras aplicações de cetamina o que é bem diferente no caso dos ISRS que geralmente demoram meses para fazer efeito.

Como a cetamina é administrada?

A cetamina pode ser administrada de diversas formas, sendo a infusão intravenosa e a aplicação intranasal as mais comuns, mas também existem a administração subcutânea e intramuscular, a forma oral ainda sendo estudada3.

Atualmente o tratamento com cetamina só pode ser realizado em hospitais e clínicas de saúde com o monitoramento de um profissional de saúde, que utilizam escalas de avaliação específicas para rastrear as mudanças nos sintomas depressivos e ajustar o tratamento conforme necessário. Esta abordagem personalizada visa otimizar os benefícios e minimizar os riscos associados ao tratamento com cetamina.

As sessões de aplicação duram entre 40 e 60 minutos.

A escolha da forma de administração e o tempo de tratamento irá depender das necessidades individuais de cada pessoa em conjunto com as orientações do profissional de saúde.

Efeitos colaterais e riscos

Os efeitos colaterais mais comuns são confusão mental, sonhos ou delírios, aumento da pressão sanguínea ou dos batimentos cardíacos. Como trata-se de um anestésico, a sonolência está presente. As pessoas são recomendadas a não dirigir após a sessão de aplicação da cetamina.

A taquifilaxia, comprometimento cognitivo, dependência e problemas renais e urinários graves podem acontecer, mas são raros4.

Ainda são necessários mais estudos científicos de acompanhamento de pacientes por um período maior para determinar se o efeito e segurança deste tipo de tratamento se mantém a longo prazo.

O risco de abuso e dependência da cetamina são reais. A cetamina é utilizada de “forma recreativa” há décadas, devido ao seu efeito dissociativo. Em outubro de 2023, o ator Matthew Perry da minissérie Friends morreu devido aos “efeitos agudos da cetamina”, ele foi encontrado desacordado de barriga para baixo na piscina de sua casa. Perry, que lutava contra depressão e abuso de substâncias há anos, fazia tratamento com cetamina para depressão resistente, no entanto a concentração de cetamina encontrada em seu organismo não poderia ser da sessão que havia feito uma semana antes, segundo laudo da necropsia. Especialistas relatam que este é um caso isolado de abuso da substância fora do tratamento da depressão5.

Quem não deve usar

A cetamina é contraindicada em casos de hipersensibilidade conhecida a cetamina ou a qualquer outro componente de sua fórmula, hipertensão, história de acidente vascular cerebral e pacientes com insuficiência cardíaca grave6.

Perspectivas futuras

A cetamina também tem um grande potencial para tratamento não só da depressão resistente, mas também para outras doenças psiquiátricas e questões neurológicas, como ansiedade, dor crônica e epilepsia. Porém devemos ter atenção tanto ao seu potencial de abuso como para novas pesquisas de eficácia e segurança a longo prazo.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

Tudo o que você precisa saber sobre protetor solar

O protetor solar, ou filtro solar, é uma das formas mais confortáveis e recomendadas de se proteger da radiação ultravioleta (UV) do sol.  As radiações UVA e UVB estão associadas a danos celulares que contribuem para o fotoenvelhecimento e o desenvolvimento de câncer de pele, respectivamente. Segundo a American Academy of Dermatology Association 1 em cada 5 estadunidenses irá desenvolver câncer de pele em algum momento da vida  1.

Tudo o que você precisa saber sobre protetor solar

Pensando na saúde e na estética, ter sempre um bom protetor solar à disposição é essencial. No entanto, diante da variedade de produtos no mercado, surge a dúvida: como escolher o mais adequado?

Para te ajudar nessa escolha, entrevistamos a dermatologista Dra. Leticia Freire Rautha, especialista em cosmiatria e práticas integrativas pelo Hospital Albert Einstein e sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ela compartilhou 3 recomendações cruciais sobre protetor solar, para você não se enganar na hora de se proteger.

Como escolher um protetor solar

A escolha do protetor solar mais adequado irá depender do seu tipo de pele, da atividade que você irá fazer e do ambiente (interno ou externo), mas existem algumas recomendações básicas que você pode seguir.

1- Escolha um protetor solar com FPS de pelo menos 30 e de amplo espectro (UVA e UVB)

Segundo a Dra. Leticia Rautha é necessário que o FPS (fator de proteção solar) seja de pelo menos 30 para que haja proteção em relação ao câncer de pele e para se proteger por completo, é necessário que o protetor tenha proteção UVA e UVB, que também pode estar descrito na embalagem como “amplo espectro”.

Caso você tenha pele muito clara ou sensível, escolha um protetor solar com FPS acima de 50.

O que condiz com as recomendações da Sociedade Brasileira de Dermatologia2 e da American Academy of Dermatology Association3.

2-  Prefira os protetores solares físicos (minerais)!

Existem dois tipos de protetores solares: químicos e físicos. Protetores químicos contêm substâncias potencialmente tóxicas, enquanto os físicos, à base de minerais como óxido de titânio, óxido de zinco ou óxido de ferro, são mais seguros para a saúde e o meio ambiente.

Um estudo realizado com 48 indivíduos que utilizaram por 4 dias protetores solares com 6 substâncias químicas (avobenzona, oxibenzona, octocrileno, homosalato, octisalato e octinoxato) demonstrou que todas essas substâncias foram absorvidas sistemicamente pelo corpo levando a uma concentração sanguínea superior à considerada segura pelo FDA (Food and Drug Administration – agência reguladora estadunidense)4.

A Dra. Leticia Rautha explica que os as substâncias potencialmente tóxicas dos protetores solares químicos podem levar a fotoalergias e a disrupção endócrina que podem afetar a saúde humana e de várias espécies aquáticas, causando diminuição da fertilidade, diminuição de diversidade de espécies aquáticas e branqueamento dos corais

Os protetores solares físicos, que são a base de minerais como óxido de titânio, óxido de zinco ou óxido de ferro, são uma ótima opção para quem quer se proteger do sol e manter sua saúde e a do meio ambiente. Eles têm a desvantagem de deixar uma camada mais grossa na pele, que muitas vezes é esbranquiçada, mas já existem opções pigmentadas no mercado para cada tom de pele.  Além disso, os protetores minerais também são recomendados para proteger peles manchadas, salienta a Dra. Rautha.

3- Caso tenha uma pele sensível ou oleosa escolha utilize um protetor solar específico para rosto.

Os protetores solares para o rosto geralmente têm opções com um controle de oleosidade. Eles também podem conter chá verde, vitamina C ou outros antioxidantes que auxiliam no tratamento de pele. Então, se você tem uma pele oleosa ou sensível, vale a pena investir em um bom protetor solar para rosto.

Como aplicar o protetor solar

Não adianta escolher um bom protetor solar se não soubermos aplicá-lo corretamente, separamos as principais recomendações para a aplicação do protetor solar:

1 – Utilize protetor solar todos os dias.

2 – Prefira aplicar o protetor solar 15 a 20 min antes da exposição solar.

3 – Reaplique o protetor solar de 2 em 2 horas e toda vez que sair da água ou suar muito.

4 – Aplique o protetor solar em toda a pele que não estiver coberta por roupa.

Lembre-se que o protetor solar é uma das medidas de proteção contra os raios solares, mas que a proteção física com roupas fotoprotetoras, bonés, chapéus e óculos escuro também são ótimos aliados para uma boa proteção solar.

Redação

Adriana Sumi (farmacêutica)

Benefícios da água de coco para saúde

SÃO PAULO – A água de coco é uma bebida refrescante muito consumida no litoral brasileiro, mas para além do seu sabor delicioso será que realmente é a melhor opção para matar a sua sede? O Criasaude.com.br entrevistou em 2022 a Cristiana M. Maymone (link Instagram) – nutricionista e doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP) – e fez um compilado das principais informações para você avaliar se é uma boa opção para manter-se saudável e matar sua sede.  

O que é a água de coco?

A água de coco é um fluido transparente, levemente esbranquiçado, encontrado dentro do coco verde (Cocos nucifera L.). Ela tem um sabor levemente adocicado e é pobre em açúcar e calorias. Possui eletrólitos como potássio, sódio e magnésio, que ajudam a repor os nutrientes perdidos.

Quais são os benefícios da água de coco para a saúde?

Hidratação
“A água de coco é uma bebida com um grande potencial de hidratação e repositor de eletrólitos e sais minerais que são eliminados com o suor. Sendo assim, seu consumo contribui na reidratação em especial de dias quentes, exercícios físicos (funcionando como um isotônico) e após episódios de diarreias e vômitos”, explica a nutricionista Cristiana Maymone.

Pressão arterial
Estudos preliminares indicam que a água de coco pode auxiliar a baixar a pressão arterial devido ao seu alto teor de potássio, que ajuda a remover o sódio extra do corpo através da urina. No entanto, para pessoas que fazem uso de medicações hipotensoras (para pressão alta), é necessário consultar a equipe médica antes de ingerir grandes quantidades de água de coco, pois a pressão arterial pode baixar de mais.

Prevenção de pedra nos rins
Manter uma boa hidratação ajuda a prevenir a formação de pedra nos rins, além de poder ajudar a eliminá-las. Além disso, o desequilíbrio de eletrólitos no sangue contribui para a formação das pedras, então a ingestão de alimentos ricos em potássio, como é o caso da água de coco, pode ser benéfica para alguns casos.

Pele mais saudável
Para manter uma pele saudável a hidratação é um fator muito importantes, mas para além disso a água de coco também possui antioxidantes, que neutralizam os efeitos dos radicais livres, e possui propriedades antimicrobianas, o que pode ajudar na luta contra a acne, segundo a Cleveland Clinic1.

Mas posso beber o quanto quiser? Existem contraindicações?

A água de coco pode ser consumida sem problemas, no entanto, para pessoas que apresentam diabetes, hipertensão, problemas renais é recomendado evitar o consumo demasiado e conversar com médico/a ou nutricionista para saber a quantidade que você pode consumir a partir de sua realidade na alimentação, exercício e condição de saúde, explica Maymone. Pessoas que fazem uso de inibidores de ECA e hipotensores, também devem recorrer a profissionais especializados antes de consumirem em maiores quantidades.

Dicas – água de coco 

Prefira a água de coco in natura. Há perdas nutricionais no processamento.

Leia o rótulo. Escolha opções 100% água de coco e sem adição de açúcares ou conservantes. Evite as que contém ingredientes reconstituídos.

Beba após o exercício para aumentar a hidratação.

– Misture com outras bebidas. Se você não gosta do sabor da água de coco, tente adicioná-la à água com gás ou usá-la em smoothies.

– Tenha cuidado se você tiver doença renal crônica, tomar inibidores da ECA, pois esses indivíduos precisam limitar seu potássio, ou tomar hipotensores.

– Evite tomar água de coco 2 semanas antes de cirurgias, pois pode alterar a pressão arterial.

Não deixe de tomar água natural, ela ainda continua sendo a melhor fonte de hidratação.

Data de publicação:
15.01.2024 (update)

Escrito por:
Adriana Sumi (farmacêutica). Supervisão final: Xavier Gruffat (farmacêutico).

Fontes e Referências
– Entrevista realizada com Cristiana M Maymone – nutricionista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestre em Nutrição em Saúde Pública e Doutoranda em Mudanças Sociais e Participação Política pela Universidade de São Paulo (USP), criadora do canal do Instagram @crismaymone_nutri – em outubro de 2022 pelo Criasaude.com.br.
– Artigo da Cleveland Clinic The Health Benefits of Coconut Water(tradução livre: Os benefícios saudáveis da água de coco) publicado em 10 de setembro de 2021, acessado em outubro de 2022 pelo  Criasaude.com.br.

Fotos:
Adobe Stock & Criasaude.com.br.

Desvendando a fibromialgia: 4 aspectos essenciais para compreender

Data de publicação: 21.12.2023

Autora

A fibromialgia é uma condição complexa e frequentemente mal compreendida que tem intrigado a comunidade médica. Estudos indicam que 2% a 8% da população global enfrenta essa condição1, sendo as mulheres as mais afetadas (75 a 90% dos casos2).

O Criasaude mergulhou nas pesquisas científicas e entrevistou a Dra. Bartira Melo, reumatologista e densitometrista (CRM 520112041-7), mestranda na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e reumatologista do Corpo de Saúde da Marinha do Brasil, para te ajudar a desvendar as principais questões sobre fibromialgia.

Desvendando a fibromialgia: 4 aspectos essenciais para compreender
4 coisas que você precisa saber sobre fibromialgia

Fibromialgia é psicológica?

Embora o componente emocional possa influenciar a intensidade da dor, a fibromialgia é uma condição física real. Fatores psicológicos podem agravar os sintomas, mas a dor é originada de disfunções no processamento da dor no sistema nervoso central. Além da dor crônica generalizada, outros sintomas estão associados a esta doença como: limiar de dor reduzida, cefaleia, dor e distensão abdominal, alteração do ritmo intestinal, distúrbios do sono e perda ou dificuldade com a memória e concentração, explica a Dra. Bartira.

O que fazer se suspeitar de fibromialgia?

Se você sente como se estivesse gripada todos os dias, com dor e fadiga, procure a ajuda de reumatologistas o mais rápido possível, é o que recomenda a Dra. Bartira.

Quanto mais cedo o diagnóstico, que é feito basicamente pela análise clínica e exclusão de outras doenças, mais cedo é possível estabelecer uma linha de tratamento eficaz para a pessoa e restabelecer uma boa qualidade de vida.

É possível ter uma boa qualidade de vida com fibromialgia?

A fibromialgia pode comprometer significativamente a qualidade de vida de uma pessoa, suas relações sociais e de trabalho, mas com um bom tratamento é possível ter de volta uma boa qualidade de vida!

A Dra. Bartira explica que o tratamento da fibromialgia é multidisciplinar, engloba medidas não-farmacológicas e farmacológicas. “O estabelecimento de um plano terapêutico individualizado após ouvir todas as queixas e entender a rotina do paciente pode garantir uma vida livre de dor”, endossa a reumatologista.

Dentre os tratamentos não-farmacológicos que mais se destacam são:

– terapia cognitivo-comportamental

– prática regular de atividade física moderada

– controle de peso

– alimentação rica em fibras e antioxidantes

– estimulação cerebral não-invasiva

É importante procurar outros profissionais de saúde além do médico, como: educadores físicos, psicólogos, nutricionista, acupunturistas, entre outros.

As opções médicas de tratamento são somente “a ponta do iceberg”, os melhores tratamentos geralmente não estão em uma cápsula, é o que aponta o médico Dr. Benjamin Abraham, médico especialista em dor, no artigo da Cleveland Clinic3.

Quais outros suportes você pode recorrer?

Esclareça todas as suas dúvidas!

“O entendimento sobre sua doença aumenta as chances de uma boa adesão ao tratamento e o sucesso terapêutico”, diz a Dr.Bartira. A informação é muito importante não só para a pessoa que está com fibromialgia, mas também para seus familiares e entes queridos.

Grupos de apoio

Existem grupos de apoio para pessoas que vivem com dor crônica, incluindo grupos específicos para pessoas com fibromialgia.

Apoio familiar e de entes queridos

O entendimento sobre a doença e apoio no dia a dia das pessoas ao redor pode ser um fator diferencial no tratamento.

Confira nosso arquivo completo sobre fibromialgia

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Fibromyalgia vs. Chronic Fatigue: Which One Are You Dealing With?, de 8 de maio de 2023. Artigo acessado pelo Criasaude.com.br em dezembro de 2023 pelo, link funcionando nesta data.

Autoexame das mamas em 2 etapas

A autoexame das mamas consiste em as mulheres examinarem regularmente seus seios, inspecionando-os mensalmente, por exemplo, em busca de possíveis caroços, espessamentos ou outras mudanças que merecem ser relatadas. Embora ainda não existam estudos que comprovem que este procedimento seja um meio fiável de detecção precoce do câncer ou de melhoria da sobrevivência das mulheres com câncer de mama, ainda assim é importante sua realização. Na realidade, o autoexame permite às mulheres tomarem consciência dos seus seios, compreender a sua aparência e sensação normais para comunicar rapidamente quaisquer alterações, sejam elas graves ou benignas.

Autoexame das mamas em 2 etapas

O momento ideal para realizar o autoexame das mamas é esperar cerca de uma semana após o término da menstruação para pessoas com ciclo regular. Para mulheres na menopausa e aquelas com ciclos menstruais irregulares, basta escolher um dia a cada mês. Durante a menstruação, os níveis hormonais flutuam e causam uma modificação nos tecidos mamários. Para não esquecer, escolha um dia fácil de lembrar, como o primeiro ou o último dia do mês, ou até mesmo o seu número favorito. Não hesite em manter um pequeno diário para anotar o que você observou.
Se você notar novas alterações em seus seios, converse com sua médica. Embora a maioria das alterações mamárias detectadas durante o autoexame tenham causas benignas, um número significativo de mulheres relata que o primeiro sinal do câncer de mama foi um novo nódulo mamário que elas mesmas descobriram. É por esta razão que se recomenda conhecer a consistência normal das suas mamas através da autopalpação, mesmo que este nunca deva substituir exames e testes de rastreio como a mamografia. Aqui está um método de duas etapas que você pode seguir para praticar o autoexame. Você também pode pedir a agentes de saúde (ex. médica, enfermeiras) para lhe mostrar como fazer este procedimento.

Etapa 1: Inspeção por palpação

Utilize a mão direita para examinar a mama esquerda. Com as pontas dos três dedos médios, pressione firmemente cada parte do seio. Mova sua mão em um círculo. Use uma leve pressão primeiro, depois média e finalmente uma mais firme. Certifique-se de verificar todos os lugares e incluir a axila. Verifique se há saliências, pontos grossos ou outras alterações. Inspecione também sob a aréola, a área ao redor do mamilo, e aperte o mamilo para ter certeza de que não há secreção suspeita. Em seguida, repita esses passos na outra mama. Esta operação leva apenas alguns minutos.

Etapa 2 : Inspeção visual

Você também deve olhar seus seios no espelho. Primeiro, coloque os braços ao lado do corpo. Procure quaisquer alterações na aparência dos seus seios. Isso pode incluir inchaço, ondulações na pele ou alterações na posição dos mamilos. Em seguida, levante os braços acima da cabeça para observar as mesmas coisas. Por fim, coloque as mãos nos quadris e pressione com firmeza para flexionar os músculos do peito. Procure as mesmas anormalidades em ambos os seios.

O autoexame das mamas pode ser feito em pé ou deitada, mas tome cuidado se estiver deitada, o tecido mamário não está mais distribuído de maneira uniforme. Para ficar confortável, coloque um travesseiro sob o ombro direito e coloque o braço direito atrás da cabeça. Em seguida, use as técnicas de observação explicadas anteriormente. Mude a posição do travesseiro para verificar a outra mama e a axila.

Precauções

A American Cancer Society acredita que o uso da mamografia, do exame clínico das mamas e do autoexame das mamas oferecem as melhores oportunidades para reduzir a mortalidade por câncer de mama através da detecção precoce. Essa abordagem combinada é claramente superior a qualquer exame isolado. Evite depender exclusivamente de uma dessas metodologias isoladamente, as recomendações de um profissional de saúde são indispensáveis. O autoexame é uma ferramenta doméstica que ajuda você a se familiarizar com seu corpo, mas de forma alguma substitui um exame clínico das mamas ou mamografias.

O autoexame das mamas também pode ser fonte de ansiedade quando você nota um caroço ou uma anomalia. É importante ter em mente que a maioria dos caroços não são cancerígenos, portanto, é aconselhável aguardar a opinião médica antes de se preocupar. Às vezes, exames são recomendados mesmo que o caroço não seja cancerígeno. Isso pode ser considerado como um procedimento invasivo desnecessário, mas ainda é prudente conhecer a origem das anomalias, mesmo as menos graves.

Fontes & Referências:

– Mayo Clinic

– Cleveland Clinic

– American Cancer Society (ACS)

Pessoas responsáveis e implicadas na escrita deste artigo:

Seheno Harinjato (editor do Criasaude.com.br, responsável pelos infográficos).

Data da última atualização do arquivo:

20.10.2023

Créditos fotográficos:

Criasaude.com.br, Adobe Stock, © 2023 Pixabay

Créditos infográficos:

Pharmanetis Sàrl (Criasaude.com.br)