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Saúde vaginal, o que é normal e anormal?

Vamos falar sobre um assunto que muitas vezes é tratado como tabu, as secreções vaginais! Toda mulher já parou para se perguntar, será que essa secreção é normal? Será que devo procurar atendimento médico?

Nós do Criasaude entrevistamos a ginecologista obstetra Dra.Laura Lúcia Martins (CRM 17778-PR), criadora da campanha de saúde íntima feminina Saia com Saia., sobre o que é normal e anormal em relação às secreções vaginais e compilamos em 4 pontos essenciais que toda mulher precisa saber sobre secreções vaginais.

1) Quando se preocupar com a secreção vaginal?

Nosso corpo é como um clube exclusivo, com seguranças em todas as portas de entrada. No ouvido, temos a cera; na boca, a saliva; no nariz, o muco; e, na vagina, também temos nossas secreções naturais protetoras.

A secreção natural do canal vaginal é clara, branca ou amarelo clarinho e mais espessa, não escorre. Quando aparece na calcinha, é discreta e não causa incômodos. Após um banho, o cheiro desaparece, e ela não causa coceira, ardência, ou qualquer desconforto. Mantém sua coloração natural.

Quando há alguma invasão em nosso organismo, por vírus ou bactérias, ou um desequilíbrio da microbiota vaginal essa secreção natural muda as suas características, é o que chamamos de corrimento.  O corrimento vaginal, é uma secreção anormal, diferente da secreção natural de proteção, geralmente tem uma cor mais escura ou amarelo forte parecendo pus e um mau odor. Muitas vezes o corrimento está associado a coceira, ardência, dor ao urinar, dor no baixo ventre ou dores relações sexuais.

Para identificar a diferença entre a secreção natural e o corrimento, lembre-se: a secreção natural não dá trabalho, enquanto o corrimento sempre traz desconforto, seja no cheiro ou nas dores, como explica a ginecologista Dra. Laura Lucia.

Se você perceber qualquer secreção que persiste por vários dias e vem com algum incômodo, seja ele coceira, ardência, odor desagradável, dor ao urinar, dor no baixo ventre ou desconforto abdominal, é hora de procurar atendimento ginecológico, é o que recomenda a Dra. Laura.

Saúde vaginal, o que é normal e anormal?

2) As secreções vaginais mudam ao longo do ciclo menstrual?

A vagina é incrivelmente sensível às oscilações do ciclo menstrual. Ao longo desse período, os hormônios sexuais femininos, como o estrogênio e a progesterona, têm altos e baixos, como um emocionante passeio de montanha-russa. A resposta da vagina a essas mudanças inclui a produção de muco cervical, que desempenha um papel fundamental na fertilidade.

Esse muco cervical é como o tapete vermelho para os espermatozoides, fornecendo um caminho mais fácil para eles nadarem em direção ao óvulo. À medida que o mês avança, a textura e a cor desse muco mudam. Logo após a menstruação, ele tende a ser mais escuro e, gradualmente, clareia. No meio do ciclo, pode assemelhar-se a uma clara de ovo, com uma textura mais pegajosa. À medida que se aproxima da menstruação, ele volta a ficar mais branco e, por fim, um tom amarelinho, marcando o fim do ciclo.

No entanto, é importante observar que essas mudanças ocorrem principalmente para pessoas que não estão usando contraceptivos hormonais. Aquelas que utilizam métodos contraceptivos hormonais não experimentam essas flutuações hormonais, já que seus corpos não ovulam, evitando assim gravidezes indesejadas1.

3) O que muda com a idade?

Quando uma mulher entra na menopausa, é sinal de que seus ovários encerraram a produção de estrogênio, o hormônio feminino. Isso acontece porque não restam mais folículos ou óvulos. Como resultado, a vagina passa por algumas transformações.

Sem a ação do estrogênio, a vagina torna-se mais seca, fina e perde parte de sua elasticidade natural. Isso ocorre porque a vagina possui muitos receptores sensíveis a hormônios femininos. Com a menopausa, esses hormônios deixam de atuar na vagina.

Essas mudanças podem afetar a saúde íntima e o conforto, mas é importante destacar que existem opções médicas disponíveis, como hidratantes vaginais, lubrificantes, terapia hormonal, entre outros cuidados e tratamentos que podem ajudar a aliviar desconfortos e melhorar a qualidade de vida durante a menopausa2.

4) Quais são as principais infecções que causam alteração nas secreções vaginais?

Como vimos anteriormente, nem toda alteração nas secreções vaginais é causada por uma infecção, mas a mudança na secreção vaginal pode ser um sintoma de infecções e deve ser investigada.

Cada tipo de infecção tem características distintas que podem ajudar a identificá-las. Aqui estão algumas das principais infecções que afetam as secreções vaginais e suas características:

Candidíase: é uma infecção causada por fungos, geralmente pela Candida Albicans. É um fungo que já existe em pequenas quantidades no organismo da mulher normalmente e que pode sair do equilíbrio com a flora vaginal gerando uma infestação, esta infestação também pode ser transmitida através de relação sexual.

Características da secreção: Secreção espessa e branca, semelhante a coalhada ou queijo cottage.

Outros sintomas: Coceira intensa, vermelhidão, inchaço e dor durante as relações sexuais.

Como tratar: antifúngicos na forma de creme vaginal (ex.clotrimazol, entre outros) ou comprimido oral (ex. fluconazol, entre outros), tratamentos naturais e alimentação.

Vaginose bacteriana: é uma infecção causada por bactérias que são encontradas na flora vaginal naturalmente, mas que por algum motivo saem do equilíbrio e se proliferam em grande quantidade. Também pode ser transmitida através de relação sexual sem proteção.

Características da secreção: secreção fina, acinzentada ou esbranquiçada.

Outros Sintomas: odor de peixe, coceira e irritação, principalmente após a relação sexual.

Como tratar: geralmente tratado com antibiótico metronidazol, na forma de creme vaginal ou comprimido oral.

Clamídia: infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis geralmente através de contato com secreções infectadas, é uma doença sexualmente transmissível.

Características da secreção: a clamídia pode não causar alterações nas secreções em todos os casos. No entanto, algumas pessoas podem apresentar secreção amarelada ou esverdeada.

Outros sintomas: muitas pessoas nunca apresentam sintomas, mas outros sintomas que podem surgir são dor ao urinar e feridas.

Como tratar: antibióticos orais (ex. doxaciclina e axitromicina)

Gonorreia: infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, também chamada de gonococo. É uma doença sexualmente transmissível.

Características da secreção: a gonorreia pode ser assintomática, mas também pode levar a secreção espessa e amarelada ou esverdeada.

Outros sintomas: pode ser assintomática, mas também pode causar dor abdominal, dor ao urinar e sangramento entre os períodos.

Como tratar: antibióticos por via oral ou por injeção.

Tricomoníase: é causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. É uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns.

Características da secreção: secreção espumosa, verde, amarela ou cinza, frequentemente com um odor desagradável.

Outros sintomas: coceira intensa, dor durante a relação sexual e inflamação da vulva.

Como tratar: antibióticos orais (ex.: metronidazol ou tinidazol)

Lembre-se que é importante procurar atendimento médico quando suspeitar de que as secreções estão anormais, principalmente em caso de suspeita de infecção, para que seja feito o devido diagnóstico e a recomendação do tratamento mais adequado 3.

Data de publicação:

22.11.2023

Redação

Adriana Sumi (farmacêutica)

Fontes & Referências

Entrevista realizada pelo Criasaude em novembro de 2023 com a ginecologista obstetra Dra.Laura Lúcia Martins (CRM 17778-PR), criadora da campanha de saúde íntima feminina Saia com Saia

Artigo em inglês da Cleveland Clinic: Vaginal Discharge Color: What’s Normal and What Isn’t, de 29 de julho de 2023, acessado pelo Criasaude em 07 de novembro de 2023, link funcionando nesta data.

Como lidar com a febre em crianças

A febre é a causa mais comum de bebês e crianças serem levadas ao pronto socorro ou consulta pediátrica1. Apesar de ser um sintoma comum, a febre em crianças e principalmente em recém-nascidos deve ser observada com atenção, pois pode ser um sinal de uma infecção. Saber como lidar com a febre e quando procurar ajuda médica é crucial para o bem-estar das crianças e bebês.

O Criasaude entrevistou o neurologista pediatra Dr. Vinícius Burani Kowalski (CRM-SP: 136080) e fez um compilado das informações científicas mais recentes e relevantes sobre o assunto, que você pode conferir a seguir.

O que é a febre?

A febre é caracterizada por um aumento da temperatura corporal, a Organização Mundial da Saúde considera febre temperatura acima de 37,7oC 2, embora alguns especialistas utilizem o parâmetro de 38,0oC. O pediatra Dr. Vinicius Kowalski explica que a referência utilizada para considerar febre também irá depender do método utilizado para medir a temperatura, para crianças a temperatura de 37,3oC através da aferição pela axila já é considerada uma temperatura febril, segundo o pediatra.

A febre é uma resposta natural do corpo a eventos agressores, como infecções, autoimunidade e alterações metabólicas. Embora ela ajude a estimular o sistema imunológico e a resposta metabólica, temperaturas muito altas (normalmente acima de 39,5oC) podem prejudicar o funcionamento do corpo3.

Os bebês e crianças geralmente apresentam mais episódios de febre do que adultos, pois seu sistema imunológico ainda está em formação e a resposta a agentes invasores pode ser mais forte4.

Como lidar com a febre em crianças

Como medir a febre?

Existem 4 formas de aferir a temperatura, que variam em relação ao local onde você coloca o termômetro, são elas: embaixo do braço (aferição axilar), na boca (aferição oral), no ouvido (aferição auricular) ou no reto (aferição retal). Embora a aferição retal seja a mais precisa, a aferição axilar é a mais recomendada para uso doméstico, por ser mais segura, é o que explica o Dr. Vinícius Kowalski.

Tratando a febre

A maioria dos casos de febre não requer tratamento e melhora naturalmente. Não é recomendado dar medicamentos redutores de febre (antitérmicos) imediatamente quando a temperatura é ligeiramente elevada, como 37,2 oC. A temperatura um pouco elevada ajuda a combater infecções, especialmente em crianças5.

O tratamento com medicamentos antitérmicos é apropriado em casos de desconforto significativo da criança ou febre alta. Se a criança está com sintomas como letargia, dor ou recusa de líquidos, pode ser necessário administrar medicamentos, mas é importante sempre administrar antitérmicos em bebês e crianças com a recomendação e acompanhamento médico, pois para cada faixa etária terá um antitérmico e dose específica recomendada6.

Outros cuidados

Mantenha a criança hidratada, oferecendo água ou outros líquidos.

Evite excesso de agasalhos, pois isso pode dificultar a redução da temperatura corporal.

Pode ser útil usar uma compressa fria na testa para conforto, desde que a criança esteja confortável com isso.

Não utilize álcool na pele, pois pode causar acidentes.

Crianças com febre devem permanecer em casa e evitar a escola ou creche até ficarem sem febre por pelo menos 24 horas. Isso evita a propagação de infecções e ajuda a proteger outras crianças7.

Quando procurar ajuda médica

Para crianças com menos de 3 meses o risco de infecção é maior e requer atendimento médico. Já no caso de crianças mais velhas, caso a febre não melhore em 3 dias ou tenha outros sintomas associados, procure atendimento médico.

Fique atento ao estado geral da criança; se ela estiver letárgica, sonolenta ou apresentar sinais de desconforto significativo, recorra ao atendimento médico8.

Em resumo, a febre em crianças é um mecanismo natural de defesa do corpo. O tratamento deve ser orientado pelo bem-estar da criança e pela gravidade da febre. Evite o tratamento imediato com medicamentos quando a febre é leve, pois a febre pode ser benéfica na luta contra infecções. Sempre consulte a equipe médica se houver preocupações sobre a febre de uma criança, especialmente em casos de febre alta, sintomas graves ou febre persistente. O cuidado e o acompanhamento adequados garantem uma a saúde melhor da criança.

Data de publicação:
23.10.2023

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica, dipl. da USP).

Fontes & Referências:

– Entrevista realizada pelo Criasaude em outubro de 2023 com o neurologista pediatra Dr. Vinícius Burani Kowalski (CRM-SP: 136080), formado pela Faculdade de Medicina ABC, especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

– Artigo em inglês da Cleveland Clinic, How To Treat Your Child’s Fever Naturally (and When To Let It Run Its Course), de 17 de abril de 2023, acessado pelo Criasaude.com.br em outubro de 2023, link funcionando nesta data.

– Artigo em inglês da Mayo Clinic, Mayo Clinic Minute: How to tell if your child has a fever, de 5 de setembro de 2023, acessado pelo Criasaude.com.br em outubro de 2023, link funcionando nesta data.

Como amenizar as alergias na primavera

A primavera é a estação do ano conhecida pela explosão de flores e vida na natureza, no hemisfério sul ela começa em setembro e vai até dezembro, já no hemisfério norte ela começa em março e vai até junho. Mas não é todo mundo que consegue aproveitar a beleza da primavera, para algumas pessoas essa época do ano é sinônimo de nariz escorrendo, olhos coçando e problemas respiratórios. São as pessoas afetadas pelas alergias na primavera. Você sabia que é possível amenizar essas alergias?

Como amenizar as alergias na primavera

Conversamos com as médicas especialistas em alergia e imunologia clínica Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé em São Paulo (Brasil), e a Dra.Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), que explicam o que causa a alergia da primavera e como amenizá-las.

Por que algumas alergias se agravam na primavera

As alergias são uma reação do corpo, mediadas pelas imunoglobulinas E (IgE), em resposta a presença de algum alérgeno (substâncias que o corpo identifica como invasora e reage “exageradamente”) levando a um quadro de inflamação. Algumas pessoas são alérgicas ao pólen, que é o gameta masculino dispersado pelas plantas para entrar em contato com os gametas femininos fazendo a reprodução das plantas). Nem todo pólen têm um potencial alergênico e cada pessoa pode ter alergia há um ou mais tipos de pólens diferentes, a alergia mais prevalente é a do pólen de gramíneas que inclui o capim1.

Na primavera as alergias que tipicamente aparecem e/ou se agravam são as alergias desencadeadas pelo pólen. Nessa época as plantas florescem e dispersão seu pólen em maior quantidade, além disso o vento fica mais intenso nesta época, fazendo com que haja mais partículas de pólen no ar.

As alergias mais comuns nesta época são: rinite alérgica, conjuntivite e asma alérgica.

Sintomas de alergia na primavera

Os sintomas mais comuns das alergias de primavera são decorrentes de uma reação inflamatória desencadeada pelo contato das mucosas com o pólen, podendo levar a um ou mais sintomas, como2:

– coceira intensa de olhos, nariz ou garganta

– nariz escorrendo e/ou entupido

– olhos vermelhos, com coceira, inchados e/ou lacrimejando

– garganta seca, arranhando e/ou com dor ao engolir

– comichão na pele. Para algumas pessoas o contato direto do pólen na pele pode levar a uma dermatite de contato. 

– asma, chiado no peito e dificuldade respiratória

– fadiga e confusão mental

Diferença entre alergia da primavera e gripe

Segunda a médica alergista Dra. Letícia Ferreira, “nem sempre é possível diferenciar o quadro alérgico de uma gripe ou mesmo COVID-19. Mas alguns sinais podem ajudar: na alergia, ocorre muito mais sintomas de coceira (nariz, olhos, garganta, ouvido) e o acometimento ocular pode ser mais intenso”.

Existem também sintomas que geralmente estão mais associados às infecções por vírus respiratórios e não às alergias, que são: dor muscular, mal estar, perda de apetite, calafrios e febre. “Outro ponto importante é o tempo de duração dos sintomas, pois doenças virais geralmente duram 7-14 dias (no máximo), enquanto os sintomas alérgicos podem ser prolongados”, salienta a Dra. Brianna Nicoletti.

Como amenizar sua alergia na primavera

Infelizmente não há como evitar que uma pessoa desenvolva alergia aos pólens, mas uma vez que você já sabe que possui essa alergia há algumas medidas para prevenir uma crise ou o agravamento da alergia. A principal forma de amenizar seus sintomas é diminuindo o contato com o pólen, mas também é possível fazer alguns tratamentos preventivos naturais, com medicamentos antialérgicos ou imunoterapia3.

Como amenizar as alergias na primavera

Diminuindo o pólen

– Mantenha as janelas de casa e do carro fechadas.

– Evite atividades ao ar livre no período da manhã (5h00 às 10h00, quando há maior concentração de pólen no ar).

– Utilize óculos ao sair, isso irá evitar o impacto do pólen diretamente nos olhos. Ao andar de bicicleta utilize óculos de proteção ocular.

– Evite estender roupas para secar em ambientes externos, os pólens se depositam nas roupas molhadas).

– Aumente a limpeza de casa

– Considere ter um purificador de ar, principalmente no quarto

– Mantenha os animais de estimação limpos, eles podem trazer o pólen para dentro de casa.

– Tome banho assim que chegar em casa e não reutilize as roupas que usou na rua.

Tratamentos naturais

– Lavagem nasal com solução salina, pelo menos 2 vezes ao dia. Atenção, lembre-se de sempre usar uma água que não tenha risco de contaminação como soro fisiológico e água filtrada. Nunca utilize água gelada.

Imunoterapia
Também conhecida como “vacina para alergias”, a imunoterapia é um tratamento de dessensibilização que pode ser feito para diversas alergias, incluindo a alergia a pólen.

“A imunoterapia age modificando a resposta do sistema imunológico e a criança (ou adulto) em tratamento passa a tolerar melhor o alérgeno que antes provocava uma série de reações inflamatórias alérgicas”, explica a Dra. Brianna Nicoletti. Ela pode ser feita de forma injetável subcutânea e sublingual, com a mesma eficácia, mas cada uma tem vantagens e desvantagens e cabe a médica especialista, como alergistas, avaliar qual a melhor opção para cada caso.

Este é um tratamento que tem um potencial de reduzir as alergias em geral por anos, mas o efeito do tratamento demora entre 6 a 12 meses para começar a ser sentido.

Medicamentos

Mesmo com toda prevenção e cuidado, é impossível evitar o contato com o pólen o tempo todo e listamos alguns medicamentos que podem ser utilizados para aliviar os sintomas.

Anti-histamínicos. Os mais recomendados são os anti-histamínicos de segunda geração, que não dão sono, como: loratadina, fexofenadina, cetirizina 

– Sprays nasais à base de corticoide, como: fluticasona, budesonida, mometasona e triamcinolona. Utilizados principalmente em casos de congestão nasal. Alguns especialistas recomendam o uso preventivo desses sprays alguns dias antes de começar a primavera.

– Descongestionantes como a pseudoefedrina, que podem estar associados ou não aos anti-histamínicos. Mas os descongestionantes não são recomendados se você tiver hipertensão ou problemas cardíacos. Outros possíveis efeitos colaterais dos descongestionantes são: pressão alta, palpitações cardíacas e aumento da próstata. “No geral, não o recomendo para pessoas com problemas cardíacos e não recomendaria que pessoas com mais de 40 anos o tomassem regularmente”, afirma o Dr. Eidelman em entrevista para a Cleveland Clinic.

Lembrando que esta lista de medicamento ou outras recomendações que demos acima, não substituem o acompanhamento médico, que poderá dizer qual o melhor tratamento e posologias para o seu caso específico.

Leia também: Como aliviar a congestão nasal e sinusite em casa?

20.09.2023

Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica alergista e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé em São Paulo (Brasil).
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica alergista e imunologista pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Artigo em inglês da Cleveland Clinic: How To Tame Your Spring Allergies, de março de 2023, link acessado pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023, link funcionando nesta data.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

O aspartame pode causar câncer?

O aspartame pode causar câncer?

O aspartame é um adoçante artificial utilizado em vários alimentos e bebidas desde a década de 1980. Pessoas que estão em busca de regular a quantidade de açúcar no sangue (ex. pessoas com diabetes) ou que estão em uma dieta de restrição calórica, geralmente procuram substituir o açúcar pelo aspartame. No entanto, em julho de 2023 o aspartame foi classificado por diversas autoridades mundiais em saúde, como a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (em inglês: International Agency for Research on Cancer – IARC e a Organização Mundial de Saúde – OMS), como uma substância possivelmente carcinogênica, deixando uma pergunta no ar: Podemos consumir alimentos contendo aspartame?

Para te ajudar a entender esta questão o Criasaude foi atrás das pesquisas científicas mais recentes e entrevistou a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas).

A princípio podemos continuar consumindo aspartame, mas com moderação.

O aspartame causa câncer?

As evidências científicas apontam para uma possibilidade do aspartame estar relacionado com um risco maior de desenvolver câncer e é por isso que a OMS listou o aspartame como uma possível causa de câncer. Mas isso não significa que o aspartame cause câncer diretamente.

Segundo a Dra. Bruna Bighetti, oncologista prescritora da UNIFESP, “A classificação é baseada em estudos que apresentaram resultados ambíguos e incertos quanto à segurança do aspartame em relação ao câncer”. A própria classificação da OMS reflete isso, o aspartame “carcinogênico do Grupo 2B”, que é reservada para substâncias que se acredita terem o potencial de causar câncer, mas ainda não existem evidências suficientes para afirmar com certeza que elas o fazem1.

A pesquisa da ligação de determinados alimentos e o desenvolvimento do câncer é complexa. No caso do aspartame foi demonstrado que pessoas que consomem mais esta substância têm maior probabilidade de desenvolver câncer, mas isso não prova uma relação causal. Este aumento da probabilidade de câncer pode estar ligada a outros fatores comuns entre essas pessoas que consomem mais aspartame, como uma condição crônica de saúde, deficiência de vitaminas ou escolhas de estilo de vida.

Riscos e efeitos colaterais do aspartame

O aspartame pode apresentar outros efeitos indesejados, para além de sua associação com o câncer. Algumas pessoas podem não tolerar bem o aspartame e outros adoçantes artificiais, os álcoois de açúcar utilizados em suas fabricações podem causar desconforto gastrointestinal, incluindo inchaço, cólicas e diarreia 2.

Segundo um artigo publicado em julho de 2023 na revista científica de referência Nutrients3, a ativação de receptores do glutamato pelo aspartame levanta preocupações relacionadas a neuropsiquiatria e neurotoxicidade. Alguns estudos epidemiológicos evidenciaram uma associação entre aspartame e doenças malignas ou alterações súbitas de humor.

Outra preocupação entre alguns pesquisadores e profissionais da saúde é em relação a uma espécie de dependência. O aspartame estimula o sistema nervoso, liberando uma série de hormônios relacionados ao bem estar, isso poderia levar o corpo a desejar cada vez mais alimentos doces. Mas ainda não há estudos que comprovem essa hipótese4.

O aspartame pode causar câncer?

Precisamos parar de consumir aspartame?

Segundo a médica oncologista Dra. Bruna Bighetti, “a decisão de parar de consumir aspartame ou outros adoçantes artificiais deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios”, não há evidências científicas que comprovem uma relação com desenvolvimento de câncer, no entanto se há preocupações em relação ao consumo de aspartame é importante discutir com sua equipe médica. “Em geral, seguir uma dieta equilibrada e variada, rica em alimentos naturais, é uma abordagem saudável. Se alguém optar por consumir produtos com aspartame, faz sentido fazê-lo dentro dos limites considerados seguros pelas autoridades regulatórias”, acrescenta Dra. Bruna Bighetti5.

A OMS afirma que até 40 miligramas (mg) de aspartame por quilograma (kg) de peso corporal é uma ingestão diária aceitável. Uma lata de refrigerante diet contém cerca de 200 mg de aspartame, o que significa que uma pessoa com 68 kg (150 libras) poderia, em teoria, beber cerca de 13 refrigerantes diet por dia e permanecer dentro desse limite, se não tivesse nenhum outro aspartame em sua dieta6.

Segundo a revisão publicada em julho de 2023 na revista Nutrients, existem alguns grupos de pessoas que deveriam evitar ou consumir com muita moderação, são elas7:

–  pessoas com questões neurológicas, como convulsões;

–  mulheres grávidas (devido ao risco aumentado da criança desenvolver alergias respiratórias, como asma e rinite);

–  pessoas com fenilcetonúria.

Conclusão

Não é que você deva evitar o consumo do aspartame a todo custo e não possa tomar um refrigerante diet (light) de vez em quando, mas é preciso ter moderação para reduzir riscos, é o que indica o oncologista Dr. Dale Shepard, em entrevista para a Cleveland Clinic8.

Data de publicação:
08.09.2023

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica, dipl. da USP). Revisão: Xavier Gruffat (farmacêutico).

Fontes & Referências:
–  Comunicado em inglês da Organização Mundial da Saúde – OMS (em inglês: World Health Organization – WHO), Aspartame hazard and risk assessment results released, publicado em 14 de julho de 2023, link funcionando nesta data.
– Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023 com a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica Oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas). Membra das sociedades: American Society of Cancer Oncology, European Society for Medical Oncology, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Associação Brasileira de Câncer Gástrico.
– Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Do You Need To Cut Out Aspartame?, com entrevista com o oncologista Dr. Dale Shepard, publicado em julho de 2023, link funcionando nesta data.
– Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo

Ler essa notícia em francês

8 mitos e verdades sobre a enxaqueca com um neurologista

Se você sofre de enxaqueca, de uma coisa você pode ter certeza, você não está sozinha! A enxaqueca é a segunda causa mais prevalente de incapacidade em todo o mundo, afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo. É uma condição neurológica que dura a vida toda e que causa muitas dúvidas não só para as pessoas que sofrem desta condição, mas também para as pessoas ao redor1.

Para desvendar alguns mitos e verdades sobre a enxaqueca, o Criasaude entrevistou a neurologista especialista em enxaqueca Dr. Tiago de Paula (CRM 168999) além de consultar as pesquisas científicas recentes e compilamos os 8 mitos e verdades sobre a enxaqueca que você precisa saber:

1. Enxaquecas são apenas dores de cabeça muito ruins – MITO

É verdade que a enxaqueca está associada na maioria das vezes a uma dor de cabeça moderada à severa, geralmente unilateral (em um dos lados da cabeça), mas a dor de cabeça não é o único sintoma da enxaqueca. Outros sintomas comuns de aparecerem na enxaqueca são: náusea, tontura, sensibilidade à luz, som entre outros.

Além disso, a dor de cabeça pode durar de 4 horas há dias, e em conjunto a outros sintomas, é uma das doenças que mais incapacita a população mundial hoje. Quando não controlada, a enxaqueca pode afetar muito o dia a dia da pessoa em sua vida pessoal e no trabalho. 

“Não minimize sua dor e não deixe os outros minimizarem, procure ajuda” é uma das principais recomendações do especialista em enxaquecas Dr. Tiago de Paula.

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2. Mulheres são mais atingidas pela enxaqueca – VERDARDE

A enxaqueca é 3 vezes mais frequente em mulheres (com ovários) do que no resto da população. Um dos fatores relacionados é a influência dos hormônios ovarianos, principalmente do estrógeno, na excitabilidade do cérebro. Quando há picos de estrógeno, no período pré-menstrual e na ovulação, a mulher fica mais exposta ao aumento de excitação ficando mais propensa a crises de enxaqueca2.

Mulher que sofre de enxaqueca (Adobe Stock)

3. A enxaqueca é um problema emocional MITO

A enxaqueca é uma doença neurológica genética que pode levar a alterações de humor, ansiedade e depressão devido principalmente ao potencial debilitante da doença e a dores intensas, não ao contrário (não é o estado de humor que gera a enxaqueca)3.

4. Os analgésicos OTC (de venda livre) são grandes aliados da enxaqueca MITO

Os analgésicos OTC (ex.: dipirona, ibuprofeno, paracetamol), conhecidos também como analgésicos de venda livre, são muito eficazes para tratar dores ocasionais, mas não dores recorrentes. No caso da enxaqueca, eles podem até trazer um certo grau de alívio na dor no início, mas não dura e muitas vezes nem alívio trás4.

5. O exercício físico pode prevenir crises de enxaqueca VERDARDE

O exercício físico, principalmente os aeróbicos (por exemplo, corrida, natação) que liberam endorfina, são ótimos para ajudar a tratar a doença, mas é importante ressaltar que não é em qualquer momento que o exercício físico vai ser um aliado para lidar com a enxaqueca. Nos momentos de crise, a prática de exercício físico pode piorar os sintomas5.

6. Se você já tentou vários tratamentos e nada adiantou, está condenada para o resto da vida MITO

Não desista, existem inúmeras estratégias medicamentosas e não medicamentosas para controlar as crises de enxaqueca, o importante é ir atrás de tratar a doença e não só dos sintomas. Novos tratamentos cada vez mais eficazes estão surgindo, como é o caso dos medicamentos anti-CGRP e a toxina botulínica que têm demonstrado bastante eficácia quando aplicados com os protocolos adequados6.

A CGRP, é o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, que está relacionada diretamente a crises de enxaqueca, pois leva a inflamação nas coberturas cerebrais (meninges) que leva a ataques de enxaqueca. Tratamentos específicos para enxaqueca foram desenvolvidos com medicamentos anti-CGRP, como o fremanezumabe (Ajovy) e o galcanezumabe (Emgality). E se o seu caso é de enxaqueca crônica, pessoas que apresentam dor todos os dias “a toxina botulínica quando bem aplicada, quando o protocolo é muito bem feito, ela é fantástica”, relata o neurologista Dr. Tiago de Paula. Mas ressalta que em muitos lugares o protocolo não é feito adequadamente7.

Infelizmente esses tratamentos ainda são muito caros e não é toda população que tem acesso.

7. A cafeína é proibida para quem tem enxaqueca VERDARDE

A cafeína aumenta a excitabilidade cerebral e é um verdadeiro veneno para quem tem enxaqueca e, na opinião do neurologista Dr. Tiago de Paula deve ser banida da alimentação de pessoas com enxaqueca, não basta diminuir.

A cafeína é uma substância que está presente em inúmeros alimentos, o mais conhecido é evidentemente o café, mas também está presente em diferentes ervas como o chá verde, erva-mate, chá-preto entre outros.

8. A enxaqueca é uma doença vascular inflamatória – MITO

Apesar de terem realmente alterações vasculares durante a crise de enxaqueca e do cérebro enxaquecoso apresentar regiões com inflamação, os achados científicos hoje em dia apontam que as alterações vasculares e inflamatórias são consequência da enxaqueca e não a causa. As pesquisas recentes apontam para ser uma doença de hiperexcitabilidade cerebral, é uma condição que “os neurônios estão trabalhando em excesso, estão trabalhando mais do que deveriam e ao trabalhar mais eles acabam acionando os núcleos trigemeos e o cervical que acabam gerando a dor”, explica o Dr. Tiago.

O que temos certeza é que é uma doença genética ou melhor epigenética, pois a presença de determinados genes está ligada a uma predisposição a ter enxaqueca, mas fatores externos (ex.: ambiente, estilo de vida, alimentação, entre outros) influenciam muito no surgimento ou não da doença e na gravidade de sua manifestação.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica), Xavier Gruffat (farmacêutico, final da supervisão).

Data de publicação:
19.08.2023

Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude em agosto de 2023 com Dr. Tiago Gomes de Paula, CRM 168999, RQE 85111, Neurologista do Headache Center Brasil. Formado pela Escola Paulista de Medicina / UNIFESP, membro da Academia Brasileira de Neurologia, da Sociedade Brasileira de Cefaleia e da International Headache Society.
Artigo em inglês da Cleveland Clinic, These 10 Migraine Myths Are Hogwash, de março de 2019. Acessado pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023, link funcionando nesta data.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo.

Fotos:
Adobe Stock

Óleos essenciais: podem ou não ser ingeridos?

A ingestão de óleos essenciais tem se tornado uma prática cada vez mais popular no campo da aromaterapia. Os óleos essenciais são substâncias concentradas extraídas de plantas e possuem propriedades terapêuticas diversas. No entanto, é importante ressaltar que a ingestão de óleos essenciais não é regulamentada em muitos países. Afinal, podemos ingerir óleo essencial?
SIM, apesar da resposta ser simples, isso NÃO significa que todo óleo essencial (OE) pode ser ingerido, por qualquer pessoa, que necessariamente possuem efeitos terapêuticos e que são seguros.
Para te ajudar na escolha de ingerir ou não OEs o Criasaude foi atrás da literatura e estudos científicos sobre o assunto e entrevistou a terapeuta naturopata  Manoella Mignone, que é professora de yoga e educadora ambiental, trabalha com Agroecologia e Permacultura, com foco em plantas medicinais. É também uma das fundadoras e idealizadoras da Coletiva Caminho Natural, do Movimento Muda SP e da Empresa Dádiva Elementar Cosméticos.

O que são os óleos essenciais
Os óleos essenciais (OEs) são substâncias extraídas de plantas obtidas através de destilação por arraste a vapor de partes da planta ou esmagamento de partes do fruto, no caso de frutas cítricas. Também chamados de óleos voláteis, devido a sua facilidade de evaporar, são misturas complexas de substâncias lipofílicas, líquidas, incolores ou ligeiramente amareladas, que possuem como característica básica o cheiro e o sabor1.

Óleos essenciais: podem ou não ser ingeridos?

Para algumas plantas já existem comprovações com estudos científicos sobre seus efeitos terapêuticos principalmente com a utilização através da inalação ou uso tópico (na pele), porém existem pouquíssimos estudos científicos sobre a ingestão de óleos essenciais, porém seu uso tradicional através dessa via é feito há centenas de anos.

Ingestão de OEs
A realidade é que no nosso dia a dia muitas vezes já ingerimos óleos essenciais através de alguns alimentos, principalmente industrializados, sendo os óleos essenciais utilizados para dar sabor a determinados alimentos.
Na opinião e experiência da terapeuta naturopata Manoella Mignone, a ingestão de óleos essenciais pode ajudar na recuperação de diversos problemas de saúde, mas assim como em outras formas de uso das plantas medicinais (ex. chás e tinturas) é necessário ter alguns cuidados e precauções2:

– Saber os prós e contras do uso da planta e do óleo essencial. É fundamental realizar uma pesquisa detalhada sobre cada óleo essencial antes de consumi-lo. Alguns óleos essenciais são contraindicados para mulheres grávidas, lactantes, crianças pequenas e pessoas com certas condições médicas. Você pode procurar profissionais de saúde que tenham aprofundado os estudos nessa área para te orientar.
– Verificar a procedência do OE, prefira óleos essenciais orgânicos e sempre certificados, existe muita adulteração de OE.

Óleos essenciais: podem ou não ser ingeridos?

– Atentar-se para o nome científico da planta, só através do nome científico é possível confirmar realmente a planta que você está consumindo pois os nomes populares variam muito de uma região para outra.
– Diluir o OE corretamente. O óleo essencial não dilui em água. Você pode diluir em um pouco de álcool próprio para ingestão (ex. álcool de cereais), tintura ou extrato vegetal hidroalcóolico, óleo vegetal (ex. óleo de coco ou oliva) e no mel. Geralmente em dosagem muito baixa (o OE é extremamente concentrado), como por exemplo 1 gota para 1 colher de sopa de óleo vegetal.

O óleo essencial é uma das diversas formas possíveis de utilização de plantas medicinais, também é possível utilizar através de infusões (chá), tinturas, pomadas, xaropes, entre outros. É importante lembrar que “toda planta tem esse potencial de toxicidade se ela tem a presença de princípios ativos medicinais, é tudo uma questão de dosagem e de conhecimento da melhor maneira de se beneficiar do uso dessa planta medicinal” salienta a naturopata Manoella Mignoni, lembrando que terapeutas ou médicos especialistas nessa área, como aromaterapeutas, fitoterapeutas, naturopatas podem auxiliar nessa escolha.
Riscos
Um dos principais riscos em relação a ingestão de OE se dá devido a crescente propaganda dos “benefícios” da ingestão aleatória de óleos essenciais realizada por pessoas ligada às empresas que os comercializam, que muitas vezes estão visando o aumento do consumo de seus produtos, como mostra o episódio “Óleos essenciais” da série de documentários “Indústria da Cura” produzido pela Netflix em 2021.

A ingestão incorreta de óleos essenciais em alguns casos pode causar vários problemas, incluindo queimaduras no esôfago, reações cutâneas, hepatotoxicidade, e outras consequências de intoxicações. Além de alguns OE também terem potencial abortivo.

O que a ciência e órgãos reguladores dizem
A ingestão de OEs é estudada por muitos profissionais de saúde há anos em diversos países e possui uma literatura médica e farmacêutica com indicações de uso interno dos OEs há mais de 50 anos, principalmente na França3.

Existem estudos científicos que comprovam a eficácia terapêutica de diversos óleos essenciais, principalmente na forma inalada e tópica em humanos4.No entanto, existem poucos estudos científicos realizados e mesmo esses são em escalas muito pequenase em animais, sendo ainda necessários estudos maiores e em humanos.

Em muitos países, como nos Estados Unidos e Brasil, os óleos essenciais não são regulamentados como medicamentos e sim como cosméticos ou insumo alimentício. No Brasil, a aromaterapia foi incluída no SUS(Sistema Único de Saúde) em 2018, sendo uma prática disponível para a população no cuidado da saúde. Apesar da atividade terapêutica dos OEs já ser reconhecida, ainda que não haja regulamentação para que os OEs sejam comercializados com finalidade terapêutica e possam ser prescritos por profissionais de saúde para uso interno.

Resumindo, a ingestão de óleos essenciais tem um potencial de oferecer benefícios, apesar de alguns entraves regulamentares em alguns países. Assim como outras formas de ingestão de plantas medicinais.
É importante adquirir óleos essenciais de qualidade, obter orientação sobre seu uso (ex. profissionais capacitados), respeitar as dosagens recomendadas, diluir corretamente e estar ciente das contraindicações. Lembrando que o uso de óleos essenciais não deve substituir consultas médicas e tratamentos prescritos.

Fontes e Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude em junho de 2023 com a terapeuta naturopata Manoella Mignone, que é também professora de yoga e educadora ambiental. Trabalha com Agroecologia e Permacultura, com foco em plantas medicinais. É também uma das fundadoras e idealizadoras da Coletiva Caminho Natural, do Movimento Muda SP e da Empresa Dádiva Elementar Cosméticos.

Nota da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia – ABRAROMA, INGESTÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS. Posicionamento da ABRAROMA, publicada em 02 de julho, link acessado pelo Criasaude.com.br em julho de 2023.

SIMÕES, C. M. O.; SPITZER, V. Óleos voláteis. In: (org.). SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. P. C.; MENTZ, L. A.; PETROVIK, P. R. (orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. p. 467-495.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo

11.07.2023

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

A berberina é a nova molécula natural eficaz para emagrecer?

Em 2023, a mídia social transmissora de vídeos TikTok desempenha um papel considerável, especialmente entre os jovens. O site R7.com explica, em uma matéria de 6 de junho de 2023, que pessoas que tomaram 1,5 g (1500 mg) de berberina por dia perderam cerca de 3 kg em um período de 30 dias, às vezes até 9 kg. Essa perda de peso tão importante para combater a obesidade pode ser comparada ao medicamento químico semaglutida (Ozempic® e Wegovy®). É por isso que alguns internautas se referem à berberina como o “Ozempic natural”. A berberina é uma molécula bem conhecida na medicina tradicional chinesa. Mas essas afirmações são cientificamente comprovadas?

A berberina, um alcaloide

A berberina (em inglês: berberine) é uma molécula ou princípio ativo – mais precisamente um metabólito secundário – que se encontra em diversas plantas medicinais como a uva-Espim (Berberis vulgaris, foto abaixo) e principalmente em plantas de origem chinesa como os Coptis (família Ranunculaceae) e a espécie chinesa Phellodendron Chinese. A berberina pertence a um grupo de compostos de nitrogênio chamados alcaloides. Outros alcaloides conhecidos são morfina, nicotina e cafeína. Por mais de 400 anos, a medicina tradicional chinesa (MTC) usou a berberina principalmente para tratar a diarreia e outras infecções gastrointestinais. Mas estudos recentes mostraram que a berberina também pode ajudar na perda de peso, diminuir os níveis de açúcar no sangue e, portanto, ajudar a combater o diabetes e proteger o sistema cardíaco.

Posologia e efeito

Na medicina das plantas ou fitoterapia, a berberina é tomada em forma de pílula ou pó. A posologia típica é de 500 mg (0,5 g) três vezes ao dia antes das refeições, pois a berberina tem uma meia-vida curta, de várias horas – metade da dose será metabolizada e eliminada do corpo em poucas horas. É por isso que a dose deve ser dividida em várias tomas diárias. Depois de tomar a berberina por via oral, a molécula entra na corrente sanguínea e viaja para as células, ligando-se a diferentes moléculas. Mas, em vez de produzir uma única alteração, a berberina interage com vários alvos, afetando várias doenças ao mesmo tempo.

Contra a diabetes Uma metanálise – uma revisão de vários artigos científicos já realizados – publicada em 2014 no Journal of Ethnopharmacology (DOI : 10.1016/j.jep.2014.09.049) avaliou o efeito e a segurança da berberina no tratamento do diabetes tipo 2, na hiperlipemia (alto nível de gorduras no sangue) e na hipertensão (pressão alta). Os autores concluíram que a berberina tem um efeito terapêutico nessas três condições e “pode ​​ser uma boa alternativa para pacientes de baixo nível socioeconômico” para tratá-las. Neste estudo, a berberina foi extraída de Coptis (família Ranunculaceae) e de Phellodendron Chinese, e não da uva-Espim (Berberis vulgaris L.). Outro estudo de 2015 também demonstrou possível eficácia da berberina contra diabetes tipo 21.

A berberina parece, principalmente, reduzir a resistência à insulina, que promove a entrada de glicose nas células e favorece sua secreção. Na resistência à insulina, as células não têm glicose suficiente, o que causa fome – há uma má sinalização. É importante saber que uma pessoa sem diabetes tem cerca de 1 colher de chá de açúcar (glicose) constantemente circulando em seu sangue, enquanto uma pessoa com diabetes avançado tem cerca de 2 colheres de chá. Há uma ligação clara entre diabetes e controle de peso. Quando o açúcar se acumula no sangue e não entra nas células adequadamente, isso não é um bom sinal.

Para perder peso

Precisamente, em um pequeno ensaio clínico2 com cerca de 80 pessoas que procuram o tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica, os participantes que tomaram berberina diariamente por três meses experimentaram uma perda significativa de peso, um pouco mais de 1 kg. O grupo em estudo recebeu duas cápsulas (750 mg) contendo extrato de berberina (Berberis vulgaris) diariamente por 3 meses, enquanto o grupo controle foi tratado com placebo. Como explica o artigo do blog da famosa Cleveland Clinic (um dos três principais hospitais do mundo), o efeito da berberina na perda de peso vem de seu impacto na insulina e na glicose. Quando a maioria das pessoas pensam em insulina, pensam no controle do açúcar no sangue, mas a insulina também regula o metabolismo de gorduras e proteínas. Vale lembrar que o açúcar, principalmente em excesso, é transformado no organismo em gorduras ou lipídios.

Alguns cuidados

Em um artigo publicado no blog, a Cleveland Clinic observa que a maioria dos estudos publicados sobre a berberina são pequenos, mal projetados e devem ser interpretados com cautela.

Efeitos colaterais

Os principais efeitos colaterais da berberina são: desconforto abdominal ou distensão (inchaço), constipação, diarreia e náusea. Mas a berberina é relativamente bem tolerada3.

Por fim, é importante observar que a berberina, como qualquer outro suplemento, não deve substituir o tratamento médico, por exemplo, para tratar obesidade ou diabetes.

De 28 de junho de 2023. Por Xavier Gruffat (farmacêutico). Fontes: R7.com, Cleveland Clinic, Literatura de Fitoterapia. Créditos da foto: Adobe Stock.

5 alimentos que podem provocar flatulência

Definição cálculos urináriosflatulência é um fenômeno normal do processo digestivo, passando na maioria das vezes desapercebida. Entretanto, às vezes a flatulência e o acúmulo de gases podem se mostrar problemáticos para quem sofre com estes fenômenos, assim como para as pessoas próximas, quer seja na vida privada ou no relacionamento de um casal, no trabalho ou em lugares públicos.
Muito embora as origens das flatulências sejam numerosas, a alimentação é frequentemente uma causa. A seguir, 5 alimentos relativamente aos quais seria preciso tentar reduzir ou interromper o consumo se houver tendência à flatulência:

1. Açúcares e adoçantes naturais – tanto os naturais quanto aqueles de origem artificial. Alguns açúcares complexos, encontrados especialmente nas cebolas e na couve, assim como na maioria das frutas, levam com frequência a flatulências. Os açúcares artificiais, tais como aqueles encontrados nos refrigerantes, nos chicletes ou em alimentos para diabéticos podem igualmente aumentar a produção de gás intestinal. O nitrogênio, encontrado na couve ou nos feijões, é outra causa de flatulência. O consumo de adoçantes naturais (edulcorantes naturais), ou seja, álcoois de açúcar, como sorbitol, xilitol, manitol, maltitol ou eritritol. Uma vez no trato intestinal, o álcool de açúcar é fermentado por bactérias no cólon. Isso libera gás, o que pode levar a inchaço, cólicas, dor e diarreia.

Leite e derivados.2. Laticínios. O leite e seus derivados contêm lactose, um açúcar que é por vezes mal digerido e pode provocar acúmulo de gases. Se você sofrer com flatulência ou acúmulo de gases, experimente não consumir derivados de leite por entre 1 e 2 semanas para ver se a situação evolui positivamente. Se assim ocorrer, talvez você tenha intolerância à lactose. Uma doença facilmente tratada mediante a ingestão de lactase, a enzima que possibilita a transformação da lactose e a sua boa digestão.

3. Feculentos. A maioria dos feculentos, tais como batata, trigo ou massas em geral podem gerar flatulência. Uma exceção é o arroz, a ser consumido sem moderação.

Laranja4. Fibras solúveis. Essas fibras, especialmente encontradas nas maçãs, feijões, laranjas ou tangerinas, são particularmente difíceis a serem digeridas e podem levar a flatulências. Como os alimentos ricos em fibras são muito amiúde excelentes para a saúde, tratar-se-á preferencialmente de reduzir o seu consumo e não de interrompê-lo por completo.

5. Bebidas gasosas. As bebidas gasosas, tais como os refrigerantes, podem igualmente provocar flatulências e acúmulo de gases.

Por Xavier Gruffat. Fotos: Adobe Stock. 28.06.2023 (update).

Como aliviar a congestão nasal e sinusite em casa?

Seja em crianças ou em adultos, a congestão nasal (rinite) e sinusite geram desconfortos e quando não tratados podem afetar significativamente a qualidade de vida. As possibilidades de tratamento são muitas e vários desses tratamentos você pode fazer em sua casa já nos primeiros sinais da congestão nasal. 

O Criasaude compilou algumas das possibilidades de tratamentos em casa e entrevistou o médico otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes (CRM – 22667), do Centro de Rinite e Alergia do Hospital IPO de Curitiba1.

Dr. Paulo Mendes (divulgação)

Congestão nasal e sinusite

A congestão nasal é o que chamamos de “nariz entupido”, ocorre quando o fluxo de ar que passa pelo nariz tem alguma restrição seja por alguma questão na mucosa do nariz ou devido a um aumento de muco (excluindo variantes anatômicas)2.

A sinusite é uma infecção nos seios da face (sinus nasais) que acontece quando diferentes espaços aéreos do rosto ficam inflamados. Quando isso acontece, seus seios ficam entupidos e o ar não pode fluir livremente. Isso pode causar bastante desconforto e pressão na região do rosto.

A congestão nasal e sinusite não são brincadeira, além de poder causar um grande desconforto podem levar a outros problemas de saúde, como3:
Dores de cabeça
– Fadiga ou cansaço
– Dor de garganta
– Tosse
– Distúrbios do sono
– Asma
– Rinossinusite
– Otite   

Quando mais cedo começar o tratamento, menos complicações e dores você vai sentir. Veja algumas formas de tratar a congestão nasal e sinusite em casa:

Lavagem com solução salina

Uma das formas mais eficientes de você cuidar do nariz entupido (congestão nasal) ou sinusite é através da lavagem da cavidade nasal com uma solução salina. Além de melhorar os sintomas, também diminui o uso de medicamentos analgésicos, é o que demonstrou o estudo publicado em 2014 na revista científica Minerva Pediatrica4.

A lavagem nasal com soro fisiológico, também é a primeira recomendação do otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes, “oriento os pacientes a ter o costume diário de fazer uma limpeza do nariz através da lavagem nasal com soro fisiológico. Pode ser realizado através de uma seringa de 10 ml em crianças, ou 20 ml em crianças maiores e 60 ml em adultos”5.

Para facilitar a lavagem também é possível utilizar um dispositivo em forma de bule (Lota) ou garrafas. Lembre-se que para lavagem nasal é importante utilizar soro fisiológico, água destilada, filtrada ou fervida em temperatura ambiente – nunca água da torneira, o que pode causar infecções.6.

Sprays Nasais

Os sprays nasais são uma das formas mais portáteis de se tratar o nariz entupido ou sinusite. Existem diferentes tipos de sprays nasais, o que o Dr. Paulo Mendes recomenda para uso caseiro são os sprays de soro fisiológico ou de NaCl 9%, que ajudam na hidratação do nariz como também em sua limpeza.

Outros sprays com medicamentos, como por exemplo corticoides para casos de rinite, também podem ser utilizados, mas sob supervisão médica. Estes medicamentos, se utilizados de maneira errada, podem levar a complicações como sangramento nasal e até perfuração de septo, é o que explica o otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes.

Aquecer e umidificar

O aquecimento da região (interna ou externa) e a umidificação do ar podem ajudar muito a aliviar os seios nasais, desobstruindo as vias aéreas.  Aqui listamos alguns com métodos muito simples de se fazer em casa para aquecer e umidificar:
– banho quente
– molhar uma toalha com água morna e colocar sob o rosto
– inalação (usando uma panela com água quente ou um aparelho específico para isso)
– chá quente Você também pode utilizar um umidificador ou vaporizador de ar para deixar o ar do ambiente mais úmido7.

Óleo essencial de eucalipto

O eucalipto pode funcionar como um ótimo tratamento calmante para os seios da face entupidos e pode te ajudar a pegar no sono. Lembre-se de que o óleo essencial de eucalipto é bem forte e pode irritar a pele. Portanto, menos é mais – certifique-se de diluir o óleo antes de usá-lo em um difusor e use apenas uma pequena quantidade ao esfregá-lo nas têmporas, perto do nariz ou em suas mãos para fazer uma cabana para respirar8.

Analgésicos 

Nos casos em que a dor é muito intensa, com ou sem febre, é possível utilizar um analgésico oral como o paracetamol ou analgésicos não esteróides – AINEs (ex.ibuprofeno ou naproxeno). Os analgésicos fornecem alívio da dor sistêmica e controle da febre. O uso de paracetamol deve ser limitado ou evitado para pessoas com doença hepática em estágio avançado ou cirrose descompensada. Os AINEs são evitados ou usados com cautela em pacientes com doença cardiovascular, doença renal crônica ou doença hepática em estágio avançado ou cirrose, além de poderem estar associados a um risco aumentado de sangramento e distúrbios gastrointestinais9.

Quando procurar atendimento médico

É importante lembrar que todos esses tratamentos caseiros são para proporcionar alívio. Idealmente, eles ajudarão a desobstruir suas vias respiratórias para que a pressão desconfortável desapareça.

No entanto, se você já tentou várias dessas opções e não obteve resultados satisfatórios, é provável que seja hora de buscar orientação médica.

Procure atendimento médico se estiver experimentando um desses sinais:
– Piora da dor no rosto.
– Com febre de 38,9oC ou superior.
– Uma dor de cabeça que não vai embora.
– Se o seu ranho ou muco está mudando de cor ou tem sangue nele.
– Problemas para dormir e/ou roncos.
– Dores de garganta por estar respirando com boca aberta.
– A congestão nasal é uma daquelas coisas que pode tirar nossa qualidade de vida. Ter o nariz entupido, somado à fadiga e às dores de cabeça, pode ser demais.

“Se você tem estes sintomas com frequências tenha um otorrino de confiança para fazer sempre uma consulta de rotina, procure investigar a causa destes sintomas realizando exames de alergia, exame de nasofibroscopia para avaliar com um endoscópio dentro do nariz e até uma tomografia de face”, é o que recomenda o otorrinolaringologista especialista em rinite alérgica Dr. Paulo Mendes. Ele também salienta que existem tratamentos para controlar a rinite, como a vacina de rinite em gotas embaixo da língua e medicamentos para melhorar a imunidade em comprimidos.

20.06.2023. Por Adriana Sumi (Farmacêutica).

Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em junho de 2023 com o médico otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes (CRM – 22667), do Centro de Rinite e Alergia do Hospital IPO de Curitiba. Formado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC – PR), residência Médica em Otorrinolaringologia pelo Hospital Santa Marcelina – São Paulo, membro da ABORL-CCF Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. pós-graduado em Medicina do Trabalho (PUC- PR).

Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Relieve Sinus Congestion and Pressure at Home, publicado em 12 de janeiro de 2023, acessado pelo Criasaude.com.br em junho de 2023, link funcionando nesta data.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo


8 vírus que podem causar câncer

A ciência não sabe exatamente o que causa a maioria dos tipos de cânceres, mas vários fatores já foram associados a um maior risco de desenvolver câncer, como estilo de vida (ex.: fumar), para alguns tipos de câncer específicos a hereditariedade (ex.: histórico de câncer de mama na família) e algumas vezes um vírus pode ser um fator desencadeante. 

Um câncer ocorre quando uma célula do nosso organismo sofre uma alteração no DNA, mais especificamente em genes que controlam a divisão celular (proto-oncogenes), que no caso do câncer fica super estimulada, e essa célula “escapa” do nosso sistema de defesa ou se proliferam mais rápido do que ele consegue conter. 

Relação dos vírus e câncer
Os vírus são responsáveis por  por 10 a 15% dos casos de câncer em todo o mundo1.

Mas não é qualquer vírus que pode levar a um câncer, são somente alguns que afetam tipos específicos de células em nosso organismo e que quando incorporam um vírus no DNA humano ou no ambiente celular, gera uma instabilidade genômica, que por sua vez leva a instabilidades bioquímicas que podem levar uma célula normal virar uma célula cancerígena, é o que explica o oncologista clínico Dr. Ângelo Fêde em entrevista para o Criasaude em maio de 2023. Mesmo durante a infecções desses vírus específicos, são poucos os casos em que um câncer é desenvolvido, ressalta o Dr. Ângelo Fêde2.

Como o vírus podem causar câncer
Atualmente são conhecidas 3 diferentes vias pelas quais um vírus pode causar câncer3.
1. Indução da inflamação crônica (ex. câncer de fígado causado pelo vírus da hepatite B ou C).
2. Supressão do sistema imunológico (ex. vírus HIV).
3. Alteração genética – próton-oncogene em um oncogene (ex. câncer de cólon de útero causado pelo vírus HPV)

Vírus ligados ao câncer
A maioria dos vírus, como os que infectam células do sistema respiratório (ex. vírus causadores de gripe) não são fatores de risco para o câncer, pois eles ficam pouco tempo em nosso organismo e as células de defesa do nosso organismo conseguem rapidamente acabar com as pouquíssimas células que sofrem alterações pelo vírus4.

Existem 8 vírus que estão relacionados com o surgimento de câncer5, são eles:

1. Papilomavírus humano (HPV)

O HPV pode infectar a pele e mucosas causando verrugas genitais e, em casos mais graves, câncer no colo uterino, pênis, ânus, vagina, vulva, orofaringe ou boca. Embora o HPV seja muito comum, a maioria das pessoas com o vírus não desenvolve câncer, existem mais de 150 subtipos deste vírus e somente 12 estão relacionados ao desenvolvimento de câncer. No entanto, as mulheres que têm infecções persistentes por HPV têm um risco aumentado de desenvolver câncer de colo do útero.

A transmissão do HPV é feita através de relações sexuais e a maioria das pessoas com uma vida sexual ativa irá contrair pelo menos uma vez na vida uma infecção de HPV. Para descobrir as melhores formas de prevenção do câncer pelo HPV o Criasaude.com.br entrevistou a Dra. Ana Gabriela, ginecologista e mastologista pela Universidade de São Paulo – USP, em entrevista para o Criasaude.com.br6.

A melhor forma de prevenção é a vacinação enquanto criança ou adolescente, no Brasil a vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas de 9 a 14 anos e protege contra 4 subtipos de HPV. No entanto, a vacinação também é benéfica na idade adulta (até 45 anos), só que são necessárias 3 doses ao invés de 2, é o que explica a Dr. Ana Gabriela. Ela também conta que há uma nova vacina contra HPV que age contra 9 subtipos de HPV, no Brasil ela começou a ser comercializada em abril de 2023 e está disponível para pessoas de 9 a 45 anos somente na rede privada.

Além da vacinação outras formas de prevenção são:
– exames de detecção (citológico, também conhecido como papanicolau) a partir dos 25 anos para pessoas com útero;
– o controle e tratamento de lesões quando existentes;
– o uso de preservativos.

2. e 3. Vírus da hepatite B (VHB) e vírus da hepatite C (VHC)

O VHB e o VHC são transmitidos pelo contato com sangue, saliva, sêmen ou secreções vaginais da pessoa infectada ou por via perinatal (durante a gravidez). Tanto o VHB quanto o VHC infectam principalmente as células do fígado e podem levar a danos no fígado como a cirrose, que por sua vez pode levar a um câncer de fígado. São considerados carcinógenos indiretos através da inflamação crônica e lesão celular.

A vacinação contra a hepatite B, três doses, é uma das principais formas de prevenir a infecção pelo vírus. A maioria das pessoas eliminam o VHB espontaneamente, mas uma vez que a pessoa apresenta sintomas, a doença se torna crônica e o tratamento deve seguir a vida toda.
No caso do VHC não há vacinação, no entanto, há tratamentos em que mesmo na forma crônica da doença a pessoa pode ficar curada.

4. Vírus Epstein-Barr (EBV)

Causador da mononucleose (doença do beijo), o EBV é altamente disseminado pela população e um dos fatores para isso é a sua forma de transmissão através do contato direto com saliva, objetos e sangue infectados.

Uma vez que a pessoa é infectada, ficará com o vírus a vida toda, no entanto, na maioria das vezes sem causar nenhum problema de saúde para a pessoa.

Apesar de raro, principalmente em pessoas imunossuprimidas, o EBV pode infectar os linfócitos B e células epiteliais, causando metade dos casos dos linfomas de Hodgkin e de Burkitt, podendo também levar câncer nasofaríngeo e gástrico.

A principal forma de prevenção é evitar o contato com pessoas sintomáticas, não compartilhar talheres ou copos.

5. Vírus de herpes humano tipo 8 (HHV-8)

O HHV-8, é um vírus que pode causar sarcoma de Kaposi, um tipo de câncer que afeta a pele e os órgãos internos, principalmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido. A maioria das pessoas infectadas não desenvolvem câncer.

O HHV-8 é transmitido principalmente pela saliva, mas também pode ser transmitido através de contato sexual e sangue. 

A principal forma de prevenção é evitar o compartilhamento de utensílios, seringas e o uso de camisinha.

6. Vírus do HTLV-1 (vírus da leucemia/linfoma de células T humanas)

O HTLV-1 é um vírus que é transmitido pelo contato com sangue infectado, através do sexo desprotegido, ou durante a amamentação. O vírus pode levar a leucemia e linfoma de células T, e é mais comum em áreas do mundo onde o vírus é endêmico, como o Japão, a África e o Caribe.

A maioria das pessoas infectadas por este vírus não desenvolvem câncer.

A prevenção da infecção é feita através do uso de camisinha e o não compartilhamento de seringas.

7. Poliomavírus de célula de Merkel

Em inglês, chamado de Mekel cell polyomavirus (MCPyV), é o vírus causador do carcinoma de células de Merkel, um câncer de pele raro e agressivo que tende a afetar pessoas brancas mais velhas. Por estar relacionado com a exposição a raios UV, sua prevenção está em limitar a exposição: evitar o sol nas horas mais fortes de raios UV, usar roupas protetoras, utilizar fotoprotetores com filtro de proteção solar (FPS) de pelo menos 30.

8. Vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Apesar da infecção pelo HIV (em inglês Human Immunodeficiency Virus) ser um grande fator de risco para diversos cânceres, principalmente cânceres associados a outras infecções, a forma que este vírus aumenta as chances do desenvolvimento do câncer é através da inibição do sistema imunológico da pessoa infectada. Outras formas de imunossupressão causam o mesmo risco de câncer do que o HIV.

Dicas de especialista na prevenção do câncer7:
– Mantenha hábitos saudáveis (alimentação e exercícios moderados);
– Evite o tabagismo (para os que fumam, procurar apoio médico para parar);
– Use preservativos (no caso de sexo fora de um relacionamento fiel);
– Vacine-se;
– Em caso de lesões ou suspeita de alguma doença, procure atendimento e tratamento médico o quanto antes.

Redação
Adriana Sumi (Farmacêutica)

Fontes e Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em maio de 2023 com a Dra. Ana Gabriela Siqueira, que é médica Ginecologista e Mastologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), CRM 162299.

Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em maio de 2023 com o Dr. Ângelo Bezerra de Souza Fêde, especialista em Oncologia Clínica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)/Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), membro titular da Oncologia DASA, CRM SP 141741.

Artigo em inglês da Cleveland Clinic, 6 viruses that can cause cancer, de agosto de 2022, acessado pelo Criasaude.com.br em maio de 2023, link funcionando nesta data.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo.