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O aspartame pode causar câncer?

O aspartame pode causar câncer?

O aspartame é um adoçante artificial utilizado em vários alimentos e bebidas desde a década de 1980. Pessoas que estão em busca de regular a quantidade de açúcar no sangue (ex. pessoas com diabetes) ou que estão em uma dieta de restrição calórica, geralmente procuram substituir o açúcar pelo aspartame. No entanto, em julho de 2023 o aspartame foi classificado por diversas autoridades mundiais em saúde, como a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (em inglês: International Agency for Research on Cancer – IARC e a Organização Mundial de Saúde – OMS), como uma substância possivelmente carcinogênica, deixando uma pergunta no ar: Podemos consumir alimentos contendo aspartame?

Para te ajudar a entender esta questão o Criasaude foi atrás das pesquisas científicas mais recentes e entrevistou a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas).

A princípio podemos continuar consumindo aspartame, mas com moderação.

O aspartame causa câncer?

As evidências científicas apontam para uma possibilidade do aspartame estar relacionado com um risco maior de desenvolver câncer e é por isso que a OMS listou o aspartame como uma possível causa de câncer. Mas isso não significa que o aspartame cause câncer diretamente.

Segundo a Dra. Bruna Bighetti, oncologista prescritora da UNIFESP, “A classificação é baseada em estudos que apresentaram resultados ambíguos e incertos quanto à segurança do aspartame em relação ao câncer”. A própria classificação da OMS reflete isso, o aspartame “carcinogênico do Grupo 2B”, que é reservada para substâncias que se acredita terem o potencial de causar câncer, mas ainda não existem evidências suficientes para afirmar com certeza que elas o fazem1.

A pesquisa da ligação de determinados alimentos e o desenvolvimento do câncer é complexa. No caso do aspartame foi demonstrado que pessoas que consomem mais esta substância têm maior probabilidade de desenvolver câncer, mas isso não prova uma relação causal. Este aumento da probabilidade de câncer pode estar ligada a outros fatores comuns entre essas pessoas que consomem mais aspartame, como uma condição crônica de saúde, deficiência de vitaminas ou escolhas de estilo de vida.

Riscos e efeitos colaterais do aspartame

O aspartame pode apresentar outros efeitos indesejados, para além de sua associação com o câncer. Algumas pessoas podem não tolerar bem o aspartame e outros adoçantes artificiais, os álcoois de açúcar utilizados em suas fabricações podem causar desconforto gastrointestinal, incluindo inchaço, cólicas e diarreia 2.

Segundo um artigo publicado em julho de 2023 na revista científica de referência Nutrients3, a ativação de receptores do glutamato pelo aspartame levanta preocupações relacionadas a neuropsiquiatria e neurotoxicidade. Alguns estudos epidemiológicos evidenciaram uma associação entre aspartame e doenças malignas ou alterações súbitas de humor.

Outra preocupação entre alguns pesquisadores e profissionais da saúde é em relação a uma espécie de dependência. O aspartame estimula o sistema nervoso, liberando uma série de hormônios relacionados ao bem estar, isso poderia levar o corpo a desejar cada vez mais alimentos doces. Mas ainda não há estudos que comprovem essa hipótese4.

O aspartame pode causar câncer?

Precisamos parar de consumir aspartame?

Segundo a médica oncologista Dra. Bruna Bighetti, “a decisão de parar de consumir aspartame ou outros adoçantes artificiais deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios”, não há evidências científicas que comprovem uma relação com desenvolvimento de câncer, no entanto se há preocupações em relação ao consumo de aspartame é importante discutir com sua equipe médica. “Em geral, seguir uma dieta equilibrada e variada, rica em alimentos naturais, é uma abordagem saudável. Se alguém optar por consumir produtos com aspartame, faz sentido fazê-lo dentro dos limites considerados seguros pelas autoridades regulatórias”, acrescenta Dra. Bruna Bighetti5.

A OMS afirma que até 40 miligramas (mg) de aspartame por quilograma (kg) de peso corporal é uma ingestão diária aceitável. Uma lata de refrigerante diet contém cerca de 200 mg de aspartame, o que significa que uma pessoa com 68 kg (150 libras) poderia, em teoria, beber cerca de 13 refrigerantes diet por dia e permanecer dentro desse limite, se não tivesse nenhum outro aspartame em sua dieta6.

Segundo a revisão publicada em julho de 2023 na revista Nutrients, existem alguns grupos de pessoas que deveriam evitar ou consumir com muita moderação, são elas7:

–  pessoas com questões neurológicas, como convulsões;

–  mulheres grávidas (devido ao risco aumentado da criança desenvolver alergias respiratórias, como asma e rinite);

–  pessoas com fenilcetonúria.

Conclusão

Não é que você deva evitar o consumo do aspartame a todo custo e não possa tomar um refrigerante diet (light) de vez em quando, mas é preciso ter moderação para reduzir riscos, é o que indica o oncologista Dr. Dale Shepard, em entrevista para a Cleveland Clinic8.

Data de publicação:
08.09.2023

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica, dipl. da USP). Revisão: Xavier Gruffat (farmacêutico).

Fontes & Referências:
–  Comunicado em inglês da Organização Mundial da Saúde – OMS (em inglês: World Health Organization – WHO), Aspartame hazard and risk assessment results released, publicado em 14 de julho de 2023, link funcionando nesta data.
– Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023 com a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica Oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas). Membra das sociedades: American Society of Cancer Oncology, European Society for Medical Oncology, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Associação Brasileira de Câncer Gástrico.
– Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Do You Need To Cut Out Aspartame?, com entrevista com o oncologista Dr. Dale Shepard, publicado em julho de 2023, link funcionando nesta data.
– Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo

Ler essa notícia em francês

Bibliografia e referências científicas:

  1. Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023 com a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica Oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas)
  2. Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Do You Need To Cut Out Aspartame?, com entrevista com o oncologista Dr. Dale Shepard, publicado em julho de 2023, link funcionando nesta data
  3. Shaher, S.A.A.; Mihailescu, D.F.; Amuzescu, B. Aspartame Safety as a Food Sweetener and Related Health Hazards. Nutrients 2023, 15, 3627. https://doi.org/10.3390/nu15163627
  4. Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Do You Need To Cut Out Aspartame?, com entrevista com o oncologista Dr. Dale Shepard, publicado em julho de 2023, link funcionando nesta data
  5. Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023 com a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica Oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas)
  6. Comunicado em inglês da Organização Mundial da Saúde – OMS (em inglês: World Health Organization – WHO), Aspartame hazard and risk assessment results released, publicado em 14 de julho de 2023, link funcionando nesta data
  7. Shaher, S.A.A.; Mihailescu, D.F.; Amuzescu, B. Aspartame Safety as a Food Sweetener and Related Health Hazards. Nutrients 2023, 15, 3627. https://doi.org/10.3390/nu15163627
  8. Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Do You Need To Cut Out Aspartame?, com entrevista com o oncologista Dr. Dale Shepard, publicado em julho de 2023, link funcionando nesta data
Observação da redação: este artigo foi modificado em 08.09.2023

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